A Filha do Palhaço, do cearense Pedro Diógenes, está entre os selecionados. Entre os curtas, destaque para Big Bang, de Carlos Segundo, premiado no 75º Festival Internacional de Cinema de Locarno, na Suíça.
A pandemia e a crise econômica afetaram o Brasil, este país de tamanho continental, de diferentes maneiras e pontos de vista. E, diante dessa realidade que não é homogênea, a identidade brasileira pode inspirar sensações para muito além do que está posto. Por isso, buscar a unidade desses diferentes pedaços de país foi o fio condutor para a seleção dos filmes do 32º Cine Ceará, que ocorre de 7 a 13 de outubro, em formato presencial. Ao todo, 18 longas e curtas estão em competição nas principais mostras do evento – as Mostras Competitivas Ibero-americana de Longa-metragem e Brasileira de Curta-metragem – e serão exibidas no Cineteatro São Luiz.
Na Mostra Competitiva Ibero-americana de Longa-metragem, procurou-se fazer uma seleção que privilegiasse a diversidade, tanto temática como estética. Dois dos oito longas são nacionais: “A Filha do Palhaço“, ficção do diretor Pedro Diógenes, que conta a história de Joana, uma adolescente de 14 anos que acompanha o pai, o humorista Renato, por seus shows em churrascarias, bares e casas noturnas de Fortaleza; e “O Acidente“, filme dirigido por Bruno Carboni, que narra um acidente com a ciclista Joana e o encontro dela com a família do motorista.
Também estão na competição de longas “Lo Invisible”, de Javier Andrade, selecionado pelo Governo do Equador para representar o país no Oscar 2023, “La Piedad“, filme espanhol de Eduardo Casanovas, premiado pelo júri no Festival de Cine de Karlovy Vary e eleito o Melhor Filme Internacional no 26º Festival Internacional Cine Fantasia (Montreal), e “Niños de Las Brisas”, de Marianela Maldonado, documentário filmado ao longo de uma década que acompanha a trajetória de três jovens venezuelanos para se tornarem músicos profissionais no conceituado “El Sistema”, cujo modelo de ensino foi adotado por diversos países europeus, e que formou músicos como o renomado maestro Gustavo Dudamel. “Green Grass”, coprodução Chile-Japão dirigida por Ignacio Ruiz, “Vicenta B”, do cubano Carlos Lechuga, e o argentino “Las Cercanas”, de María Álvarez, completam a seleção de longas-metragens.
Para o cineasta Vicente Ferraz, curador da mostra competitiva de longas, “no Cine Ceará não há distinção de gênero, podemos ter filmes de ficção, documentários e animações na competitiva de longas. Lá, estão propostas de impacto, alegorias, experimentais e outros mais intimistas. Claro que também, como em anos anteriores, privilegiamos o cinema do Nordeste, particularmente a atual produção do Ceará”.
Para a Mostra Competitiva Brasileira de Curta-metragem foram selecionadas 10 produções de sete estados do Brasil, dentre as quase 800 inscrições. Arthur Gadelha, curador desta categoria, revela que esses filmes vão ao encontro de um país “de revolta e fantasia. Uns voltados para a realidade, outros para a fantasia e subversão”. Entre os escolhidos, está o premiado “Big Bang“, de Carlos Segundo, produzido em Minas Gerais, eleito o Melhor Filme na categoria Curta de Autor no 75º Festival Internacional de Cinema de Locarno, na Suíça. Também de Minas está o suspense/terror “Cemitério das Flores”, de Rafael Toledo. “Celeste (Sobre Nós)”, dirigido por Natália Araújo, foi produzido em Pernambuco, e “Elusão”, de Taís Augusto, no Ceará. “Infantaria”, de Laís Santos Araújo, é o alagoano selecionado e “O Último Domingo”, de Joana Claude e Renan Barbosa Brandão, representa o Rio de Janeiro na mostra.
Também estão na lista dos curtas quatro documentários: “Alexandrina – Um relâmpago” (AM), da artista visual e cineasta Keila Sankofa, sobre Alexandrina, mulher preta da Amazônia filha de negros escravizados; “Camaco” (MG), de Breno Alvarenga, sobre um dialeto secreto que surge como forma de resistência de mineradores numa cidade no interior de Minas Gerais; “Contragolpe” (BA), de Victor Uchôa, sobre a importância do boxe na periferia de Salvador; e “Filhos da Noite” (PE), que acompanha as memórias e vivências de oito homens gays entre 50 e 70 anos.
Além da competição oficial, os curtas-metragens concorrem ao Prêmio Canal Brasil de Curtas. Realizado nos principais festivais de cinema do país, o prêmio tem como objetivo incentivar a produção audiovisual. O júri, composto por jornalistas e críticos de cinema, escolhe o melhor filme em competição, que recebe o Troféu Canal Brasil e R$15 mil.
OS LONGAS DA COMPETITIVA IBERO-AMERICANA
A Filha do Palhaço. Direção: Pedro Diógenes. Ficção. 104’. Brasil. 2022. 12 anos.
Green Grass. Direção: Ignacio Ruiz. Ficção. 100’. Chile-Japão. 2022. 16 anos.
La Piedad / A Piedade. Direção: Eduardo Casanovas. Ficção. 80’. Espanha-Argentina. 2022. 16 anos.
Las Cercanas / Inseparáveis. Direção: María Álvarez. Documentário. 81’. Argentina. 2021. Livre.
Lo Invisible / O Invisível. Direção: Javier Andrade. Ficção. 85’. Equador-França. 2021. 18 anos.
Niños de Las Brisas / Meninos de Las Brisas. Direção: Marianela Maldonado. Documentário. 100’. Venezuela-Reino Unido-França. 2021. 12 anos.
O Acidente. Direção: Bruno Carboni. Ficção. 95’. Brasil. 2021. 14 anos.
Vicenta B. Direção: Carlos Lechuga. Ficção. 77’. Cuba-França-EUA-Colômbia-Noruega. 2021. 12 anos.
OS CURTAS DA COMPETITIVA BRASILEIRA
Alexandrina – Um Relâmpago. Direção: Keila Sankofa. Documentário. 11’. Amazonas. 2022. Livre.
Big Bang. Direção: Carlos Segundo. Drama. 13’. Minas Gerais. 2022. 12 anos.
Camaco. Direção: Breno Alvarenga. Documentário. 14’. Minas Gerais. 2022. Livre.
Celeste (Sobre Nós). Direção: Natália Araújo. Ficção. 19’. Pernambuco. 2022. 12 anos.
Cemitério de Flores. Direção: Rafael Toledo. Suspense/terror. 19’. Minas Gerais. 2022. 16 anos.
Contragolpe. Direção: Victor Uchôa. Documentário. 16’. Bahia. 2022. Livre.
Elusão. Direção: Taís Augusto. Ficção. 22’. Ceará. 2022. Livre.
Filhos da Noite. Direção: Henrique Arruda. Documentário. 15’. Pernambuco. 2022. 12 anos.
Infantaria. Direção: Laís Santos Araújo. Ficção. 24’. Alagoas. 2022. 12 anos.
O Último Domingo. Direção: Joana Claude e Renan Barbosa Brandão. Ficção. 17 min. Rio de Janeiro. 2022. Livre.
Cine Ceará
O 32º Cine Ceará – Festival Ibero-americano de Cinema é uma realização do Ministério do Turismo, através da Secretaria Especial da Cultura, da Associação Cultural Cine Ceará e da Bucanero Filmes. Tem o apoio institucional do Governo do Estado do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura (Secult Ceará) e da Universidade Federal do Ceará, via Casa Amarela Eusélio Oliveira. Parceria: Canal Brasil. Hotel Oficial: Sonata de Iracema. Patrocínio Master: Itaú Unibanco. Patrocínio VIP: Grupo Edson Queiroz, Nacional Gás, Esmaltec e Indaiá. Patrocínio: SP Combustíveis, Banco do Nordeste e Prefeitura de Fortaleza. Agradecimento: Enel.
SERVIÇO
32° Cine Ceará – Festival Ibero-americano de Cinema – De 7 a 13 de outubro de 2022 em Fortaleza. Informações: www.cineceara.com. Instagram: @cineceara, Facebook: Festival Cine Ceará. E-mail: contatos@cineceara.com.
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