Com a perspectiva de crescimento do setor, o Ceará se consolidará, num médio prazo, como o segundo mais importante polo de rochas ornamentais do Brasil.
O Estado do Ceará é atualmente a fronteira mais importante de rochas superexóticas (granitos) e quartzitos do Brasil e, devido a esta geodiversidade, já existem cerca de 26 empresas do sudeste, pesquisando e lavrando no Estado. Estas rochas possuem dureza e aspectos estéticos decorativos diferenciados e são estas qualidades que tem atraído os referidos investidores.
Atualmente, uma parte expressiva das rochas ornamentais (granitos e quartzitos) no Ceará é extraída por empresas do Estado do Espírito Santo, transportadas para lá, onde passam por processo de beneficiamento e são exportadas, principalmente, para os Estados Unidos. Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Mármores e Granitos do Estado do Ceará (SIMAGRAN – CE), Carlos Rubens A. Alencar, “Se conseguirmos criar as condições para que parte desse volume seja aqui industrializado e exportado pelos portos cearenses, cerca de USD 100 milhões, aproximadamente, já seriam atualmente agregados anualmente à pauta de exportação estadual”, enfatiza.
O setor de rochas ornamentais no Ceará, apesar de bastante recente, tem crescido exponencialmente nos últimos anos. No ano de 2015, o Ceará exportou em torno de 20 milhões de dólares. Esse ano, o setor de rochas ornamentais foi incluído entre os beneficiados com áreas para instalação de indústrias na Zona de Processamento de Exportação do Ceará (ZPE) e o fato tem trazido ainda mais otimismo para o setor. Segundo o presidente do SIMAGRAN-CE, antes da ZPE, a expectativa era que, em 2020, as exportações de rochas ornamentais pelos portos cearenses alcançassem USD 120 milhões. Com a instalação de empresas de mármores e granitos na ZPE, espera-se agora que, em 2020, o Ceará passe a exportar USD 200 milhões.
Participação do setor de rochas ornamentais nas exportações cearenses
Com o crescimento do setor de rochas ornamentais no Ceará, tem aumentado também a participação do produto nas exportações cearenses. A Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) e o Centro Internacional de Negócios (CIN), com a contribuição do Sindicato das Indústrias de Mármores e Granitos do Estado do Ceará (SIMAGRAN-CE), divulgou, esse mês, um Miniestudo Setorial de Rochas Ornamentais que fez um comparativo entre as exportações cearenses de rochas ornamentais nos quatro primeiros meses do ano em 2014, 2015 e 2016. Segundo o Miniestudo, as exportações de rochas ornamentais no estado, de janeiro a abril, que, no primeiro quadrimestre de 2014, foram na ordem de USD 3.843.659,00 e, em 2015, atingiram USD 6.038.774,00, esse ano já chegaram a USD 8.813.489,00. De 2014 para 2015, o crescimento foi de 57,1% e, de 2015 para 2016, a variação foi de 45,9%.
No tocante à participação do setor nas exportações do Ceará, no primeiro quadrimestre de 2016, as exportações de rochas ornamentais responderam por 2,81% do total exportado do estado. Em valores monetários, já foram exportados pelo Ceará de mármores e granitos 8,8 milhões de dólares. Em 2014, o setor respondia por 0,96% das exportações cearenses e, em 2015, por 1,85%, o que representou 4,5 milhões, em 2014, e 6,6 milhões, em 2015.
Essa constante evolução do mercado de rochas ornamentais no Ceará despertou o interesse da Assessoria de Assuntos Internacionais do Governo do Estado que incluiu o setor nos mercados de atuação que terão garantidos espaços na Zona de Processamento de Exportação do Ceará (ZPE), no Porto do Pecém, para a instalação de indústrias. Além do setor de rochas ornamentais, serão beneficiadas com a ZPE, indústrias dos setores calçadista, têxtil, petroquímico, metalmecânico, agroindústria e alimentos. No último dia 04 de maio, a presidente afastada Dilma Roussef, assinou Decreto que ampliou a área da ZPE em 44,7%, incorporando a área de 1.911,04 hectares aos 4.271,4 hectares iniciais, passando a contar agora com uma área total de 6.182,44 hectares.
Evolução do investimento em tecnologia no setor
O Ceará sempre esteve na vanguarda no que diz respeito à extração de Granito. O estado foi um dos primeiros a incrementar o uso das máquinas a fio diamantado, ainda no início dos anos 90. Da região, é extraído o granito mais reverenciado nas grandes obras realizadas no Brasil, reconhecido mundialmente como Branco Ceará. Empreendimentos como o novo terminal aeroportuário de Guarulhos, em São Paulo, e os shoppings RioMar Fortaleza e Recife, além do Shopping Iguatemi de Fortaleza, utilizaram esse granito.
Atualmente, o Ceará tem inovado ainda mais em tecnologia para se tornar mais competitivo. Estão sendo instalados na região (06) seis teares multifios, maior inovação no setor de rochas ornamentais, o que comprova o momento de investimentos pelo qual o setor está atravessando.
Em razão dos investimentos realizados pelo empresariado cearense, hoje, o Ceará detém o segundo maior parque industrial nacional, o que consolidará o estado, num médio prazo, como o segundo mais importante polo de rochas ornamentais do Brasil. Atualmente, de acordo com os rankings de maiores exportadores nacionais do setor, o Ceará ocupa a terceira posição, perdendo apenas para os estados do Espírito Santo, maior exportador do país, e de Minas Gerais. No entanto, as exportações do estado mineiro vêm caindo nos últimos três anos, enquanto as exportações cearenses vêm crescendo exponencialmente. Por essa razão, em médio prazo, o Ceará deve Minas Gerais no volume de exportações.
Cenário das rochas ornamentais no Brasil
Conforme informativo da Associação Brasileira das Indústrias de Rochas Ornamentais-ABIROCHAS, de janeiro de 2016, as exportações de rochas ornamentais para os EUA superaram um milhão de toneladas (1.036.261,97 t), gerando faturamento de USD 792,2 milhões em 2015. Frente a 2014, houve variação positiva de 0,32% no faturamento e 6,89% no volume físico dessas exportações. A participação das exportações para os EUA, no total do faturamento e volume físico das exportações brasileiras de rochas, evoluiu respectivamente de 61,8% e 38,1%, em 2014, para 65,5% e 44,6% em 2015.
As exportações de chapas polidas tiveram variação positiva de 6,67% em volume físico, somando 98,30% do total exportado para os EUA. As exportações de chapas para os EUA representaram, assim, 83,5% do total das exportações brasileiras de chapas, o que corresponderia a cerca de 18,9 milhões de m2 equivalentes com 2 cm de espessura. O preço médio das exportações de rochas para os EUA, também essencialmente remetido às chapas, recuou de USD 810/t em 2014, para USD 760/t em 2015. É pouco provável que essas exportações evoluam positivamente em 2016.
As exportações para a China, que é o segundo maior mercado das rochas brasileiras, recuaram de forma expressiva pelo segundo ano consecutivo, somando USD 104,4 milhões (-27,73%) e 568,4 mil toneladas (-27,87%). A participação da China, no total das exportações brasileiras de rochas, em 2015, foi de 8,6% no faturamento e de 24,5% no volume físico. O preço médio dessas exportações foi de apenas USD 180/t, mantendo o mesmo patamar de 2014. As rochas brutas perfizeram 99% do volume físico e 95% do faturamento dessas exportações para a China.
Destaca-se que, até 2013, o volume físico exportado para a China foi superior ao dos EUA e equivalia a mais de 50% do total das exportações brasileiras. Não fosse o bom desempenho brasileiro nas exportações de rochas processadas, especialmente para os EUA, teria sido mais forte o impacto da queda chinesa no desempenho brasileiro em 2014 e 2015. Assim como para os EUA, é pouco provável que as exportações de rochas para a China evoluam de forma significativa em 2016.
A Itália é o terceiro maior mercado para as exportações brasileiras de rochas, absorvendo um mix de produtos que inclui chapas de mármores e granito, produtos de ardósia e quartzitos foliados, ainda que predomine o faturamento com rochas brutas carbonáticas (6,6% do total) e silicáticas (85%). Os preços pagos e a quantidade importada pela Itália permitem concluir que este país está novamente serrando rochas brasileiras, neste caso materiais exóticos, para atendimento de obras no mercado internacional.
Fortaleza Brazil Stone Fair
No contexto de expansão do setor de rochas ornamentais nos últimos anos no Ceará, o SIMAGRAN-CE organizará, entre os dias 31 de maio e 03 de junho, a segunda edição da Fortaleza Brazil Stone Fair. A iniciativa visa promover o fomento das atividades do setor e chamar atenção para o potencial produtivo do Ceará no tocante às rochas ornamentais.
A primeira edição realizada em 2015 foi um grande sucesso e, em função disto, já passou a fazer parte do calendário mundial das feiras do setor. Para a edição de 2016, a divulgação começou em agosto de 2015 e tem sido utilizada mídia nos EUA, Índia, Alemanha e contatos presenciais na Itália, China, EUA e Portugal, que são importantes players deste setor.
A Fortaleza Brazil Stone Fair é uma exposição internacional de mármores, granitos, limestones, pedras laminadas, máquinas, equipamentos e insumos da cadeia produtiva das rochas ornamentais e de revestimento. A feira é pioneira do setor no Nordeste e tem foco bem direcionado para os especificadores do produto (arquitetos, designers e decoradores).
A iniciativa do SIMAGRAN-CE, ao promover o evento, parte do contexto favorável para o desenvolvimento da indústria de rochas ornamentais no Ceará, representadas pela disponibilidade de reservas minerais, infraestrutura adequada, potencial de mercado e localização privilegiada no que diz respeito à logística de fretes marítimos internacionais. Além disso, Fortaleza possui um potencial turístico e uma infraestrutura hoteleira de ótimo porte.