O tempo médio de atraso é de 68 dias e a principal justificativa para o não pagamento das dívidas é o desequilíbrio financeiro
Neste mês de março, a Pesquisa sobre Endividamento do Consumidor de Fortaleza, realizada pela Federação do Comércio do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), revela que 63,0% dos consumidores da capital cearense possuem algum tipo de dívida. O índice veio +1,6 ponto percentual acima do indicador do último mês de fevereiro (61,4%), resultado acompanhado de uma leve piora nos indicadores qualitativos do crédito, em especial da taxa de inadimplência potencial, que alcançou 10,2%.
A proporção dos consumidores com contas ou dívidas em atraso teve crescimento de +1,7 ponto percentual, passando de 21,3%, em fevereiro, para 23,0% neste mês. Os problemas financeiros afetam mais as mulheres (25,4% dos entrevistados desse grupo afirmaram possuir contas em atraso), os consumidores do grupo com idade superior a 35 anos (23,9%) e do estrato com renda familiar abaixo de cinco salários mínimos (24,8%).
O tempo médio de atraso é de 68 dias e a principal justificativa para o não pagamento das dívidas é o desequilíbrio financeiro – a diferença entre a renda e os gastos correntes – citado por 65,1% dos consumidores. O segundo motivo mais citado é o adiamento por conta do uso dos recursos em outras finalidades, com 30,2%, seguido da contestação da dívida (9,4%).
Comprometimento da renda
Em Fortaleza 63,0% dos consumidores possuem algum tipo de dívida. Os instrumentos de crédito mais utilizados pelos consumidores são: cartões de crédito, citados por 80,2% dos entrevistados; financiamento bancário (veículos, imóveis etc.), com 13,4%; empréstimos pessoais, com 6,9% e carnês e crediário, com 6,3%;
O consumidor utilizou o crédito para a compra de:
- Itens de alimentação (54,9% das respostas);
- Realização de despesas de educação e saúde (37,5%);
- Aquisição de eletroeletrônicos (33,9%); e
- Compra de artigos de vestuário (41,1%).
O valor médio das dívidas é estimado em R$ 1.358, com prazo médio de sete meses, comprometendo 36,0% da renda familiar dos consumidores com o seu pagamento.
Inadimplência potencial
A taxa de inadimplência potencial, ou seja, a proporção de consumidores que não terão condições financeiras para honrar seus compromissos, teve aumento de +0,5 pontos percentuais, passando de 9,7%, em fevereiro, para 10,2%, neste mês. Essa taxa está acima da média dos últimos doze meses (9,6%), mas abaixo do verificado no mesmo mês do ano passado (9,3%).
O perfil do consumidor inadimplente mostra preponderância do grupo de consumidores do sexo feminino (inadimplência potencial de 12,0%), com idade acima de 35 anos (12,4%) e renda familiar inferior a cinco salários mínimos (11,1%).
Orçamento familiar
A Pesquisa de Endividamento também revela que 75,3% dos consumidores de Fortaleza afirmam fazer orçamento mensal e acompanhamento eficaz dos seus gastos e rendimentos, o que contribui para um melhor controle dos níveis de endividamento. Dos entrevistados, 13,8% relataram que fazem orçamento dos rendimentos, mas sem controle eficaz dos gastos e 10,9% informaram não possuir orçamento e tampouco controle dos gastos.
A falta de planejamento orçamentário é um problema crítico para o controle do endividamento, estando sempre entre um dos principais motivos para o atraso ou inadimplência. Dos fatores que os consumidores consideram que mais contribuem para esse problema, listam-se:
- A falta de orçamento e controle dos gastos, com 35,2%;
- As compras por impulso, sem necessidade ou além do necessário, com 28,8%;
- O aumento dos gastos considerados essenciais, com 25,2%;
- Compras antecipadas, com 20,7%;
- Redução dos rendimentos, com 15,6%; e
- Desemprego, com 14,1%.
Saiba mais
O Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Comércio (IPDC) da Fecomércio-CE foi criado para suprir a ausência de informações práticas e de dados estatísticos confiáveis que auxiliassem as ações de planejamento e de desenvolvimento das empresas do segmento de comércio de bens, serviços e turismo. O Instituto realiza e desenvolve pesquisas, sobretudo, de viés econômico, fornecendo dados referentes ao comportamento do consumidor, a situação econômica do comércio local e as tendências de mercado e de consumo dos fortalezenses.
A pesquisa de Endividamento é realizada mensalmente e tem como objetivo indicar a capacidade de endividamento do consumidor de Fortaleza, visando conhecer o comprometimento financeiro desse, em relação ao comércio local. Quatro indicadores distintos são verificados nessa pesquisa: Taxa de Consumidores com Contas ou Dívidas em Atrasos; Taxa de Comprometimento da Renda do Consumidor; Taxa de Inadimplência em Potencial e Planejamento Financeiro e Orçamento Familiar. Mensalmente, cerca de mil consumidores da região metropolitana de Fortaleza são entrevistados pelo IPDC para a realização desta pesquisa.
- postado por Oswaldo Scaliotti