69,6% dos entrevistados possuem algum tipo de dívida, chegando a uma média de mais de 60 dias de atraso nos pagamentos
A Pesquisa do Endividamento do Consumidor de Fortaleza, realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio/CE), para este mês de novembro, revela que 69,6% dos consumidores da capital cearense possuem algum tipo de dívida. O índice veio +6,5 pontos percentuais acima do indicador do último mês de outubro (63,1%) e superior ao índice de novembro do ano passado (63,8%).
A proporção de consumidores com contas ou dívidas em atraso subiu +1,3 pontos percentuais, passando de 22,9% dos consumidores em outubro, para 24,2% neste mês. Os problemas financeiros afetam mais as mulheres (26,4% dos entrevistados desse grupo afirmaram possuir contas em atraso), os consumidores do grupo com idade entre 25 e 34 anos (27,6%) e do estrato com renda familiar abaixo de cinco salários mínimos (25,9%).
O tempo médio de atraso é de 62 dias e a principal justificativa para o não pagamento das dívidas é o desequilíbrio financeiro – a diferença entre a renda e os gastos correntes – citado por 59,0% dos consumidores. O segundo motivo mais citado é o adiamento por conta do uso dos recursos em outras finalidades, com 29,6%, seguido da contestação da dívida (9,8%).
Comprometimento da renda
Os instrumentos de crédito mais utilizados pelos consumidores são: cartões de crédito, citados por 80,7% dos entrevistados; financiamento bancário (veículos, imóveis, etc.), com 11,5%; empréstimos pessoais, com 9,3%; e carnês e crediários, com 8,5%.
Segundo a pesquisa, o consumidor utilizou o crédito para consumo de itens de alimentação, com 57,2% das respostas; compras de artigos de vestuário (36,7%); aquisição de eletroeletrônicos (35,1%); e realização de despesas de educação e saúde (30,0%). O valor médio das dívidas é estimado em R$ 1.326,00 com prazo médio de sete meses, comprometendo 36,7% da renda familiar dos consumidores com o seu pagamento.
Inadimplência potencial
A taxa de inadimplência potencial, ou seja, a proporção de consumidores que não terá condições financeiras para honrar seus compromissos, permaneceu estável, em 9,8%. Essa taxa é superior à observada em novembro do ano passado (9,2%), sugerindo uma leve tendência de alta do indicador.
Orçamento familiar
De acordo com a pesquisa, 12,7% dos entrevistados relataram que fazem orçamento dos rendimentos, mas sem controle eficaz dos gastos e 10,4% informaram não possuir orçamento e tampouco controle dos gastos.
A falta de planejamento orçamentário é um problema crítico para o controle do endividamento, estando sempre entre um dos principais motivos para o atraso ou inadimplência. Dos fatores que os consumidores consideram que mais contribuem para esse problema, são: a falta de orçamento e controle de gastos, com 33,2%; o aumento dos gastos considerados essenciais (26,1%); as compras por impulso, sem necessidade ou além do necessário (22,4%); redução dos rendimentos (19,8%); desemprego (16,4%); e compras antecipadas (15,9%).
Saiba mais
O Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Ceará (IPDC) da Fecomércio-CE foi criado para suprir a ausência de informações práticas e de dados estatísticos confiáveis que auxiliassem as ações de planejamento e de desenvolvimento das empresas do segmento de comércio de bens, serviços e turismo. O Instituto realiza e desenvolve pesquisas, sobretudo, de viés econômico, fornecendo dados referentes ao comportamento do consumidor, a situação econômica do comércio local e as tendências de mercado e de consumo dos fortalezenses.
A pesquisa de Endividamento é realizada mensalmente e tem como objetivo indicar a capacidade de endividamento do consumidor de Fortaleza, visando conhecer o comprometimento financeiro desse, em relação ao comércio local. Quatro indicadores distintos são verificados nessa pesquisa: Taxa de Consumidores com Contas ou Dívidas em Atrasos; Taxa de Comprometimento da Renda do Consumidor; Taxa de Inadimplência em Potencial e Planejamento Financeiro e Orçamento Familiar. Mensalmente, cerca de mil consumidores da região metropolitana de Fortaleza são entrevistados pelo IPDC para a realização desta pesquisa.