Neste mês de novembro, a Pesquisa sobre Endividamento do Consumidor de Fortaleza, divulgada pela Federação do Comércio do Estado do Ceará (Fecomércio-Ce), mostra que 71,7% dos consumidores da capital cearense possuem algum tipo de dívida. O resultado veio 0,3 pontos percentuais abaixo do indicador do último mês de outubro (72,0%), mostrando estabilidade do nível de endividamento.
A proporção dos consumidores com contas ou dívidas em atraso teve aumento de 3,1 pontos percentuais, indo de 20,7%, em outubro, para 23,8% neste mês. Os problemas financeiros afetam mais as mulheres (24,3% afirmam possuir contas em atraso), os consumidores do grupo com idade entre 25 e 34 anos (32,2%) e do estrato com renda familiar inferior a cinco salários mínimos (25,8%).
O tempo médio de atraso é de 67 dias e a principal justificativa para o não pagamento das dívidas é o desequilíbrio financeiro – a diferença entre a renda e os gastos correntes – citado por 62,9% dos consumidores. O segundo motivo mais citado é o adiamento por conta do uso dos recursos em outras finalidades, com 28,1%, seguido da contestação da dívida (8,4%).
Comprometimento de Renda
Em Fortaleza 71,7% dos consumidores possuem algum tipo de dívida. Os instrumentos de crédito mais utilizados pelos consumidores são: cartões de crédito, citados por 79,6% dos entrevistados; o financiamento bancário (veículos, imóveis etc.), com 14,9%; os carnês e crediários (9,2%); e os empréstimos pessoais, com 7,0%.
O consumidor utilizou o crédito para a compra de:
- Itens de alimentação (53,5% das respostas);
- Eletroeletrônicos (38,2%);
- Artigos de vestuário (33,2%); e
- Realização de despesas de educação e saúde (26,9%).
O consumidor vem apresentando dificuldades no gerenciamento de suas dívidas, desde o final do ano passado. Além disso, o peso dos itens de alimentação nas contas a prazo indica dificuldades no controle do orçamento doméstico nos últimos meses. O valor médio das dívidas é estimado em R$ 1.395 e prazo médio de sete meses, comprometendo 32,4% da renda familiar dos consumidores com o seu pagamento.
Inadimplência potencial
A taxa de inadimplência potencial, ou seja, a proporção de consumidores que não terão condições financeiras para honrar seus compromissos, teve aumento de 3,8 pontos percentuais, passando de 5,5%, em outubro, para 9,3%, neste mês.
A manutenção de um percentual elevado da renda comprometida com o pagamento de dívidas e o aumento do custo de vida contribui para o crescimento da inadimplência potencial, mas a maioria dos consumidores parece estar conseguindo administrar a qualidade do crédito. O perfil do consumidor inadimplente mostra preponderância do grupo de consumidores do sexo feminino (11,0%), com idade entre 25 e 34 anos (12,0%) e renda familiar abaixo de cinco salários mínimos (9,9%).
Orçamento familiar
A Pesquisa de Endividamento também revela que 78,4% dos consumidores de Fortaleza afirmam fazer orçamento mensal e acompanhamento eficaz dos seus gastos e rendimentos, o que contribui para um melhor controle dos níveis de endividamento. 10,3% relataram que fazem orçamento dos rendimentos, mas sem controle eficaz dos gastos e 11,2% dos entrevistados informaram não possuir orçamento e tampouco controle dos gastos.
A falta de planejamento orçamentário é um problema crítico para o controle do endividamento, estando sempre entre um dos principais motivos para o atraso ou inadimplência. Dos fatores que os consumidores consideram que mais contribuem para esse problema, listam-se:
- A falta de orçamento e controle dos gastos, com 43,1%;
- O aumento dos gastos considerados essenciais, com 30,4%;
- As compras por impulso, sem necessidade ou além do necessário, com 30,1%;
- Compras antecipadas, com 14,8%;
- Gastos imprevistos, com 12,4%; e
- Redução dos rendimentos, com 9,4%.
Saiba mais
A pesquisa é realizada mensalmente e tem como objetivo indicar a capacidade de endividamento do consumidor de Fortaleza, visando conhecer o comprometimento financeiro desse, em relação ao comércio local.
Auxilia os empresários a planejarem estratégias de vendas, analisarem situações de risco, entre outras coisas. Quatro indicadores distintos são verificados nessa pesquisa: Taxa de Consumidores com Contas ou Dívidas em Atrasos; Taxa de Comprometimento da Renda do Consumidor; Taxa de Inadimplência em Potencial e Planejamento Financeiro e Orçamento Familiar. Mensalmente, cerca de mil consumidores da região metropolitana de Fortaleza são entrevistados pelo IPDC para a realização desta pesquisa.
- postado por Oswaldo Scaliotti