Segundo Sidinei Rossi, a modalidade é mais uma alternativa para tornar a educação mais viável e flexível ao aprendizado do aluno
Seja pela ampliação do acesso a tecnologias, flexibilidade de tempo ou questões logísticas, ou até mesmo ao custo, o fato é que o ensino a distância tem crescido nos últimos anos. Segundo dados da consultoria Educa Insights, esse formato de ensino acumulou crescimento de 11,1% entre 2010 e 2015, de modo que a previsão é que em 2023 corresponda a 51% do mercado. Sidinei Rossi, gestor de cursos técnicos do Senac EAD, fala um pouco sobre essa ascensão. Atualmente, o Senac oferece cursos a distância nas modalidades livres, técnicos, graduação, pós-graduação e extensão universitária. A oferta completa está no portal.
O principal sucesso do EAD está ligado a qual fator no Brasil?
Sidinei: Por ser um país continental existem desafios significativos para levar a educação a todas as partes do país, e a educação a distância (EAD) é uma boa alternativa. Além disso, o formato atende um público que, cada vez mais, tem dificuldade de deslocamento e se preocupa com os custos logísticos, sem contar com outras questões como a comodidade de estudar em casa, por exemplo. Outro fator importante é que o EAD tem possibilitado a qualificação profissional constante para pessoas que têm dificuldade de tempo, tornando a modalidade mais acessível com o uso mais intenso das tecnologias pelos estudantes brasileiros.
Quais são as principais dicas para se dar bem em um curso a distância?
Sidinei: O aluno precisa ser organizado, ter responsabilidade e ser disciplinado. Reservar um tempo para o estudo diário é muito importante, mas deve-se manter a prática dos exercícios on-line. Não dá pra deixar tudo para a última hora e nem mesmo assumir mais disciplinas do que sua carga horária permite. Ele precisa entender o conteúdo e aprender de fato, além de ter familiaridade básica com a tecnologia para ter acesso aos conteúdos. Essa busca pelo conhecimento, organização de estudos e compromisso proporcionam autonomia ao estudante, hoje um fator diferencial para o mundo do trabalho.
Poderíamos apontar alguns “mitos” e “verdades” sobre o EAD?
Sidinei: O principal mito é que estudar a distância é mais fácil que presencialmente. O segundo, e não menos importante, é que o diploma EAD é diferente do presencial. São meios diferentes de estudo, mas com conteúdos iguais. Assim, a dificuldade é semelhante e não tem porque o diploma ser diferenciado, já que aprendem as mesmas disciplinas. Entre as verdades, destaque para a flexibilidade para estudar, que, de fato, é muito maior, uma vez que o aluno não precisa se deslocar em determinado horário para ir à faculdade. Ele se organiza de acordo com o seu tempo e aprende de acordo com seu ritmo de estudo. E o aluno não estuda sozinho, e dispõe do acompanhamento dos docentes.
De acordo com a Educa Insights, os cursos de graduação on-line podem passar os presenciais até 2023. A tendência seguiria também para outras modalidades (cursos técnicos, livres etc)?
Sidinei: Com certeza. Temos um crescimento muito significativo em todos os níveis de ensino. Os motivos que fazem os alunos optarem pela graduação a distância são parecidos em todas as outras modalidades. Além disso, as tecnologias disponíveis têm possibilitado implementar novos cursos, além de fazer com que as pessoas optem cada vez mais em estudar no seu ritmo e com maior flexibilidade de horários.
Quais as oportunidades que surgem com esse cenário do EAD no país?
Sidinei: Para os alunos, o EAD tem possibilitado acesso a cursos que não estariam disponíveis por questões de logística e valores. Para os profissionais da educação, abrem-se oportunidades impensadas de carreiras. Um exemplo disso é a função de designer educacional, profissional que trabalha com projetos educacionais e cujas ações permeiam os campos da educação, tecnologia, design, comunicação e gestão de processos. Para a sociedade, temos no EAD a oportunidade de interiorizar a educação, de forma viável e sustentável.
Quais novas tecnologias têm sido inseridas no formato?
Sidinei: Realidade virtual, que recria ao máximo a sensação de realidade para um indivíduo; a realidade aumentada, que é a inserção de objetos virtuais no ambiente físico por meio de um marcador, webcam ou um smartphone. Há ainda simuladores, que reproduzem fenômenos e sensações que na realidade não ocorrem; gamificação, que é o uso de mecânicas e dinâmicas de jogos para engajar pessoas, resolver problemas e melhorar o aprendizado; e a webconferência, que é o encontro virtual realizado pela internet.
O formato a distância também pode ajudar mais assertivamente quem pretende mudar de carreira? Por quê?
Sidinei: Mudar de carreira pressupõe qualificação. Diante disso, o EAD hoje é uma excelente ferramenta para tal em praticamente todas as áreas de atuação, possibilitando qualificar-se com mais flexibilidade e agilidade.
As pessoas acima de 50 ou 60 anos também podem facilmente se adaptar às aulas a distância? Os tutores ou docentes de alguma forma auxiliam esse público?
Sidinei: Com certeza se adaptam, sim. A metodologia utilizada na maioria dos cursos pressupõe uma fase de integração ao ambiente virtual de aprendizagem, ou seja, conhecer os recursos disponíveis no curso, utilizando de tutoriais interativos, vídeos e outros recursos. Além disso, os tutores e as equipes de suporte fazem o acompanhamento e orientação principalmente na fase inicial do curso, onde muitas vezes fazemos um processo de inclusão digital.
O Senac EAD tem ajudado a democratizar a educação profissional com qualidade? Quais são os desafios nesse sentido?
Sidinei: Atualmente, os cursos técnicos do Senac EAD possuem 327 polos espalhados por todo o Brasil e a maioria deles está no interior dos estados. Há ainda mais de 290 polos voltados para a pós-graduação, e 21 para a graduação. Com essa capilaridade, estamos democratizando o acesso à educação profissional, levando cursos a locais que não temos presença física. Nossos alunos expressam um índice de satisfação na ordem de 90%, o que demonstra a qualidade dos nossos cursos. Nosso grande desafio agora é expandir ainda mais o número de polos. Apesar da evolução, um dos principais conflitos nesse sentido ainda tem sido a falta de infraestrutura tecnológica em determinados pontos do país. Uma barreira que considero superada é o do preconceito em relação ao EAD.