Pesquisa ] O desequilíbrio financeiro é a principal justificativa para o não pagamento das dívidas
Neste mês de fevereiro, a Pesquisa sobre Endividamento do Consumidor de Fortaleza, divulgada pela Federação do Comércio do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), mostra que 73,0% dos consumidores da capital cearense possuem algum tipo de dívida.
O resultado veio 0,9 pontos percentuais acima do indicador do último mês de janeiro (72,1%), alcançando o patamar mais elevado desde o início da pesquisa, em 2010, e está relacionado com brusco aumento dos gastos com educação, típico desta época do ano.
A pesquisa também mostra uma leve melhora no indicador de contas em atraso (que passou de 22,3% para 22,2%) e aumento na proporção da renda comprometida com o pagamento de dívidas (que passou de 33,9% para 34,9%), mostrando que o endividamento está apertando o orçamento dos consumidores de Fortaleza.
A proporção dos consumidores com contas ou dívidas em atraso teve redução de 0,1 ponto percentual, indo de 22,3%, em janeiro, para 22,2% neste mês. Os problemas financeiros afetam mais as mulheres (22,6% afirmam possuir contas em atraso), os consumidores do grupo com idade acima de 35 anos (23,9%) e do estrato com renda familiar entre cinco e dez salários mínimos (24,1%).
O tempo médio de atraso é de 67 dias e a principal justificativa para o não pagamento das dívidas é o desequilíbrio financeiro – a diferença entre a renda e os gastos correntes – citado por 55,9% dos consumidores. O segundo motivo mais citado é o adiamento por conta do uso dos recursos em outras finalidades, com 33,8%, seguido da contestação da dívida (7,4%).
Comprometimento de Renda
Em Fortaleza, 73,0% dos consumidores possuem algum tipo de dívida. Os instrumentos de crédito mais utilizados pelos consumidores são os cartões de crédito, citados por 83,8% dos entrevistados; o financiamento bancário (veículos, imóveis etc.), com 12,0%; os empréstimos pessoais, com 8,1%; e os carnês e crediários (5,9%).
O consumidor utilizou o crédito para a compra de:
- Itens de alimentação (55,5% das respostas);
- Realização de despesas de educação e saúde (37,2%);
- Artigos de vestuário (32,0%); e
- Eletroeletrônicos (27,2%).
O valor médio das dívidas é estimado em R$ 1.332 e prazo médio de sete meses, comprometendo 34,9% da renda familiar dos consumidores com o seu pagamento.
Inadimplência potencial
A taxa de inadimplência potencial, ou seja, a proporção de consumidores que não terão condições financeiras para honrar seus compromissos, teve aumento de 1,1 pontos percentuais, passando de 7,5%, em janeiro, para 8,6%, neste mês.
A manutenção de um percentual elevado da renda comprometida com o pagamento de dívidas e o aumento do custo de vida contribuem para o crescimento da inadimplência potencial, mas a maioria dos consumidores parece estar conseguindo administrar a qualidade do crédito.
O perfil do consumidor inadimplente mostra preponderância do grupo de consumidores do sexo feminino (9,7%), com idade acima dos 35 anos (9,7%) e renda familiar abaixo de cinco salários mínimos (9,9%).
Orçamento familiar
A Pesquisa de Endividamento também revela que 80,2% dos consumidores de Fortaleza afirmam fazer orçamento mensal e acompanhamento eficaz dos seus gastos e rendimentos, o que contribui para um melhor controle dos níveis de endividamento. 8,6% relataram que fazem orçamento dos rendimentos, mas sem controle eficaz dos gastos e 11,2% dos entrevistados informaram não possuir orçamento e tampouco controle dos gastos.
A falta de planejamento orçamentário é um problema crítico para o controle do endividamento, estando sempre entre um dos principais motivos para o atraso ou inadimplência. Dos fatores que os consumidores consideram que mais contribuem para esse problema, listam-se:
- A falta de orçamento e controle dos gastos, com 40,1%;
- As compras por impulso, sem necessidade ou além do necessário, com 32,6%;
- O aumento dos gastos considerados essenciais, com 22,7%;
- Gastos imprevistos, com 16,9%;
- Redução dos rendimentos, com 12,7%; e
- Compras antecipadas, com 11,1%.
Saiba mais
A pesquisa é realizada mensalmente e tem como objetivo indicar a capacidade de endividamento do consumidor de Fortaleza, visando conhecer o comprometimento financeiro desse, em relação ao comércio local.
Auxilia os empresários a planejarem estratégias de vendas, analisarem situações de risco, entre outras oportunidades. Quatro indicadores distintos são verificados nessa pesquisa: Taxa de Consumidores com Contas ou Dívidas em Atrasos; Taxa de Comprometimento da Renda do Consumidor; Taxa de Inadimplência em Potencial e Planejamento Financeiro e Orçamento Familiar. Mensalmente, cerca de mil consumidores da região metropolitana de Fortaleza são entrevistados pelo IPDC para a realização desta pesquisa.
- postado por Oswaldo Scaliotti