O surto de microcefalia em recém-nascidos no Brasil, principalmente na região Nordeste, já se tornou um alerta em todo o país. Somente no fim do ano passado, o Ministério da Saúde registrou um aumentou de 22% no número de casos confirmados no Brasil. Ao todo, o órgão contabilizou quase 4 mil casos suspeitos e mais de 400 confirmados. Entretanto, a situação tem gerado muitos questionamentos para quem teme a ‘nova doença’.
Com suspeitas de que a má-formação gestacional poderia estar relacionada à junção do zika com outros vírus, todos transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti, a microcefalia causa dúvidas principalmente nas formas de tratamento da síndrome. Embora não existam medicamentos capazes de evitar a contaminação do feto depois que a mãe tiver o vírus da zika, dependendo do quadro clínico, cada criança deve ser acompanhada por diferentes profissionais da área da saúde. Entre eles, estão os fisioterapeutas e os terapeutas ocupacionais.
De acordo com a fisioterapeuta, Dra. Nacha Henrique Cunha, o profissional, especialista em neurofuncional, com ênfase em pediatria atua de forma humanista, crítica e reflexiva, em todos os níveis de atenção à saúde da criança e de sua família, respeitando princípios éticos e culturais. “O tratamento tem o objetivo de preservar funções motoras e cognitivas, bem como estimular para o desempenho do controle motor e postural.”, explica Nacha.
O tratamento com o fisioterapeuta, quanto mais precoce for iniciado melhor será o prognóstico da criança. O ideal é que a intervenção tenha início logo após o nascimento, pois o encaminhamento tardio pode limitar o potencial de desenvolvimento global. Nacha afirma que o tempo de melhora varia de acordo com cada caso clínico, uma vez que o acometimento é diversificado, podendo vir a comprometer funções e estruturas neurais, musculoesqueléticas e sensoriais.
Outro profissional indispensável para o desenvolvimento das crianças com microcefalia é o terapeuta ocupacional. A atuação desse profissional se concentra em estimular, promover e desenvolver capacidades e habilidades psicomotoras, cognitivas e sensoriais necessárias para o processo de habilitação e treino das áreas de ocupação: atividades da vida diária, atividades instrumentais da vida diária, brincar e inclusão social e também orientar e treinar os familiares e cuidadores em como executar as atividades do bebê construídas em parceria durante o acompanhamento de Terapia Ocupacional.
A terapeuta ocupacional, Eda Araújo, enfatiza que quanto mais cedo a criança começar a intervenção, mais rápido as repostas vão surgindo. “Se a gente considerar a capacidade do sistema nervoso e a plasticidade cerebral desse recém-nascido, o ideal seria que as crianças começassem essa intervenção desde o momento do nascimento. Porque envolve todos os recursos de adaptação dessa criança em relação as atividades diárias, como as formas de como mudar a roupa, higienização, como pegar no colo, como conversa, como você possibilita e sustenta o olhar. Isso são questões que oferecem à criança uma base para o desenvolvimento infantil.”, completa.
No Ceará, O Núcleo de Tratamento e Estimulação Precoce (NUTEP) é uma a instituição filantrópica de referência na prestação do atendimento de profissionais como fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais de forma gratuita. Além disso, diversas Instituições de Ensino Superior no estado realizam atendimento gratuito à comunidade.
A síndrome
A microcefalia é uma condição neurológica rara em que a cabeça e o cérebro da criança é significativamente menor do que a de outras da mesma idade e sexo. A microcefalia normalmente é diagnosticada no início da vida e é resultado do cérebro não crescer o suficiente durante a gestação ou após o nascimento.
Crianças com microcefalia têm problemas de desenvolvimento. Não há uma cura definitiva para a microcefalia, mas tratamentos realizados desde os primeiros anos melhoram o desenvolvimento e qualidade de vida. A microcefalia pode ser causada por uma série de problemas genéticos ou ambientais.
- postado por Oswaldo Scaliotti