Um mergulho pictórico na região de um dos maiores patrimônios naturais brasileiros: é isso que a exposição Rio São Francisco: Ocupação e transposição ofertará ao público do Espaço Cultural Correios, a partir das 16h do dia 10 de janeiro (quinta-feira), quando será lançada. A mostra, que seguirá aberta para visitação gratuita até 1º de março, é assinada pelo artista plástico e geólogo cearense Francisco Ivo.
Com 33 obras em óleo sobre tela produzidas de 2016 a 2018, a exposição retrata o percurso histórico-social do rio em imagens que traduzem a exuberância da natureza e os processos de ocupação e exploração do São Francisco pelo homem, culminando no controverso projeto de transposição de suas águas.
Os quadros ajudam o visitante a compreender as transformações no Velho Chico ao longo dos 2.700 km de sua extensão, desde a nascente, em Minas Gerais, até a foz, entre Alagoas e Sergipe.
OBRAS – A beleza de cânions, cachoeiras e a diversidade da fauna e da flora da área são retratadas por Francisco Ivo, que também destacou os ciclos de desenvolvimento socioeconômico que se alternaram e acabaram cobrando um alto preço ao rio. Obras como “Máquina imperial”, “Pontes do Velho Chico”, “Luz para todos” e “Transposição” chamam a atenção para os efeitos do progresso sobre o equilíbrio ambiental da região.
A formação em Geologia do artista radicado em Niterói (RJ) confere um tom especializado às pinceladas vívidas e coloridas. Nas telas “Lajeados e Bromélias”, “Nascentes de Guaramiranga” e “A Corte”, por exemplo, Francisco Ivo explica que a diversidade observada na bacia hidrográfica só foi possível graças à complexidade dos relevos e aos múltiplos habitats gerados durante uma longa história geológica, climática e biológica.
A obra “Antropoceno – O grito de um rio”, por sua vez, reflete o momento geológico em que vivemos: o homem atuando como força capaz de modificar o meio ambiente e alterar o clima do planeta. O artista explica que, após sofrer agressões, o São Francisco chega à foz já debilitado e sem maior capacidade para enfrentar o mar, cujas águas avançam continente adentro, erodindo suas praias e salinizando as águas do rio.
Em “Solstício”, o visitante se depara com a luz intensa que pinta de dourado os cânions do Xingó, em Sergipe. Os solstícios estão relacionados ao esoterismo e, para muitas culturas, têm um simbolismo importante, representando a vitória da luz sobre a escuridão. Assim, a obra “Solstício” destaca a luz sobre o São Francisco, compreendida metaforicamente como a chegada de “novos tempos”, de recuperação e preservação.
EVOLUÇÃO TEMÁTICA – Parte das obras expostas no Espaço Cultural Correios a partir da próxima quinta-feira (10) foi destaque em uma exposição individual do artista no Memorial à República de Maceió, Alagoas, onde as águas do Rio São Francisco se encontram com o mar. Entre novembro e dezembro de 2016 foram expostas telas que abordavam processos de degradação ambiental provocados pelo homem.
Adotando o Rio São Francisco como estudo de caso, o projeto evoluiu para a exposição Quatro estações – Rio São Francisco,apresentada no Centro Cultural Câmara dos Deputados, em Brasília, no ano de 2017. “Quando chegou a tarefa de falar sobre transposição, me inspirei nos trabalhos da Comissão Científica de Exploração, vinda do Rio de Janeiro para o vale dos rios Salgados e Jaguaribe, no Ceará, de 1859 a 1861. Revisito, agora, os trabalhos de José dos Reis Carvalho, desenhista da comissão, na tela ‘As três Marias’, por exemplo”, conta Francisco Ivo.
SOBRE O ARTISTA – Membro da Academia Cearense de Ciências, Letras e Artes do Rio de Janeiro (ACCLARJ), Francisco Ivo estudou desenho de arquitetura e produziu suas primeiras pinturas nos anos 1980, tendo a Arte Naif como inspiração. Nesse período, consta sua participação, em 1982, em uma mostra de arte promovida pelo centro acadêmico da Universidade de Fortaleza. Na coletiva, expôs a tela “PASSEATA I”, que retratava o movimento grevista da universidade ocorrido no ano anterior.
Em 1987, concluiu o curso de Geologia e, em seguida, mudou-se para o Rio de Janeiro, fixando residência em Niterói. Nesse período, cursou aulas de pintura na Sociedade Brasileira de Belas Artes (SBBA), no Rio de Janeiro.
Em 2016, deu início a exposições individuais por seleção (veja lista abaixo), sendo Rio de Mares de Morros a primeira, no Instituto Cultural Germânico, em Niterói; e, em seguida, Quatro Estações – Antropoceno (Rio São Francisco), no Memorial à República em Maceió, na capital alagoana.
Como resultado de visitas a museus e galerias de várias partes do mundo, suas obras abordam inúmeras temáticas, sendo influenciadas pelo impressionismo, pós-impressionismo, cubismo e o expressionismo. Sente-se atraído pelas cores quentes e vívidas, e está sempre demonstrando inquietação na busca de seu próprio estilo.
ÚLTIMAS EXPOSIÇÕES DE FRANCISCO IVO
- Exposição Rio São Francisco: Ocupação e transposição– Festival Icozeiro 2018, Icó (CE) – dezembro/2018;
- Exposição Quatro estações – Rio São Francisco – XI Mostra de Arte Cidadã da Câmara dos Deputados, Brasília (DF) – dezembro/2017;
- Coletiva no IX Salão de Artes da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, Rio de Janeiro (RJ) – novembro/2017;
- Individual na Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP, São Paulo (SP) – 2017;
- Coletiva no XIII Salão de Artes Plásticas da Escola Superior de Guerra, Rio de Janeiro (RJ) – 2017;
- Coletiva no Minimuseu Firmeza, Fortaleza (CE), no Salão de Abril Sequestrado – 2017;
- Individual Rio dos Mares de Morros, no Espaço Cultural Correios de Fortaleza – 2016/2017;
- Coletiva no Instituto Cultural Germânico, Niterói (RJ) – 2016;
- Individual no Memorial à República em Maceió (AL) pela Secretaria de Cultura do Estado – 2016.
SERVIÇO: Lançamento da Exposição Rio São Francisco: Ocupação e transposição
Quando: 10 de janeiro, às 16h
Visitação: de 10 de janeiro a 1º de março, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h
Onde: Espaço Cultural Correios (Rua Senador Alencar, 38, Centro – Fortaleza)
Entrada gratuita