Pela 17ª semana consecutiva, o mercado financeiro reduziu a projeção de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil neste ano, conforme mostra o Boletim Focus, divulgado nessa segunda-feira (24) pelo Banco Central. Para os especialistas do mercado, a retomada do crescimento econômico do País passa pelo pacote de reformas em debate no Congresso Nacional, com destaque para a reforma da Previdência, embora elas, sozinhas, não sejam capazes de resolver todas as questões que impedem o avanço do PIB.
“O mercado vem revisando o PIB para baixo à medida que os dados econômicos são divulgados e mostram que o crescimento que era esperado no início do ano não veio. O pacote de reformas que está sendo proposto é fundamental para a retomada do crescimento. A reforma da Previdência é o pilar de todas as reformas. Elas, por si só, não resolverão tudo, mas a gente acredita que a aprovação dessas reformas aumentará a confiança dos empresários e consumidores e, assim, abrirá espaço para uma agenda positiva do governo no que diz respeito ao incentivo econômico. A aprovação das reformas criará um ambiente mais favorável para que o governo traga novos programas de aceleração do crescimento, libere verba dos bancos públicos para incentivar investimentos e promova privatizações e concessões. Tudo isso vai ser necessário para que a gente veja o Brasil crescendo na capacidade que ele pode crescer”, avalia Filipe Albuquerque, sócio da V8 Capital.
Análise semelhante é feita pelo assessor de investimentos e sócio da Conceito Investimentos, Thomaz Bianchi, para quem a melhora da economia virá pelas reformas. “O Banco Central vem cortando essa previsão de crescimento do PIB porque a economia não tem reagido conforme o planejado. Os cortes de juros não têm sido estímulo suficiente para aquecer a economia. Pelas sinalizações do Banco Central, se espera que a melhora da economia venha pelas reformas, não só da Previdência. São necessárias reformas estruturais, como a reforma tributária, para que a economia comece a andar. O primeiro trimestre foi negativo, por isso essa revisão. A expectativa é que o segundo trimestre seja negativo ou próximo de zero, pois a economia não vem reagindo aos estímulos de juros”, comenta.
Apesar da redução na projeção de crescimento do PIB brasileiro em 2019, os analistas do mercado ouvidos pelo Boletim Focus, do Banco Central, mantiveram a previsão de alta de 2,20% para 2020. As estimativas para 2021 e 2022 permaneceram em 2,50%.