- Mais de 80% das empresas brasileiras que responderam à pesquisa internacional indica ter conseguido ampliação da receita nos últimos dois anos
- Estudo mostra que soluções em nuvem são a principal ferramenta tecnológica utilizada para que as empresas possam alcançar a redução de custos
- No Brasil, a flutuação da moeda é o principal risco externo apontado pelos respondentes
- Crescimento das vendas consolida-se como prioridade estratégica, tanto nos últimos 24 meses como para os próximos dois anos
Tópico sempre polêmico, a redução de custos nas empresas é algo a ser encarado de forma transparente e planejada. Alie-se a isso um cenário de transformações digitais que impulsiona as empresas a se reinventarem para adequar seus custos. Neste contexto, foi elaborada a edição 2019 da Pesquisa Global de Redução de Custos da Deloitte, realizada com mais de 1.200 executivos de todo o mundo.
“De acordo com o que apuramos da pesquisa, as empresas brasileiras estão com dificuldades de definir as suas prioridades; sabem da necessidade de reduzir custos, mas não conseguem implementar, seja por falta de disciplina para monitoramento das economias ou falta de estrutura dedicada para projetos desta natureza. No entanto, os dados nos levam a constatar que nos últimos 24 meses, das empresas que conseguiram efetivar a redução de custos no Brasil, 83% registraram aumento na receita. Na amostra global, essa porcentagem é ainda maior, 86%. Isso mostra que há um valor efetivo na redução de custos implementada de forma estratégica e sustentável”, enfatiza Heloisa Montes, sócia-líder de Estratégia, Analytics e M&A da Deloitte.
De acordo com a pesquisa, 71% das empresas em todo o mundo planejam empreender iniciativas de redução de custos nos próximos 24 meses. Ainda, do total de respondentes, 68% relataram reduções totais de 10% ou mais, e quase um terço (31%) tem metas de otimização de custo acima de 20%. No entanto, 81% relatam não ter conseguido cumprir totalmente suas metas de redução de custos durante o ano passado, 18 pontos percentuais menos do que em 2017, devido a desafios de implementação, falta de sistemas eficazes e metas inviáveis. No Brasil, 73% das organizações relatam não terem conseguido cumprir suas metas.
Para Caroline Yokomizo, sócia dos programas de Strategic Cost Transformation e Margin Plus da Deloitte, “à medida em que as tecnologias digitais continuam a evoluir, as organizações precisam se reinventar para gerenciar seus custos. Então, embora os métodos tradicionais de redução de custos ainda sejam importantes, a maioria também já investe pesadamente em tecnologias transformadoras para melhorar a eficiência operacional e a economia de custos, ao mesmo tempo em que impulsiona seu desempenho e competitividade em um mundo cada vez mais digital”.
- 1. Barreiras
De acordo com o estudo, as principais barreiras para que as metas de redução de custos das empresas no Brasil não sejam cumpridas são o gerenciamento de desafios para implementar as iniciativas (71%, contra 65% global) e erosão das economias devido ao estabelecimento de metas inviáveis (69%). No mundo, esse dado corresponde a 61%. Relatórios e monitoramento mal planejados chegam também a 69%, enquanto, globalmente, o dado referente a este tópico é de 58% – o que evidencia que no Brasil o problema de qualidade de dados e existência de relatórios é pior do que no restante do mundo.
Quando o tópico são os objetivos estratégicos, as empresas apontem em primeiro lugar o aumento da receita, com 65%. Em seguida, estão as práticas voltadas à busca pela eficiência e a otimização de custos e despesas, com 59%, e o aumento da produtividade, com 49%. “Diante destes dados, vale enfatizar que
a mentalidade predominante entre os executivos para adotar medidas de redução de custos nas empresas mudou. Enquanto víamos anteriormente uma mentalidade de economizar para crescer com gerenciamento de custos, estamos vendo agora o surgimento de economizar para transformar. É um pensamento que envolve muito mais medidas estratégicas para a transformação das organizações do que apenas o corte de gastos em si”, avalia Yokomizo.
- 2. Riscos externos
Com 66%, o primeiro no ranking dos riscos é flutuação da moeda. No mundo, essa porcentagem é de 58%. Com uma leve diferença, preocupações macroeconômicas aparecem em segundo lugar, com 64% (59% global, o que corrobora a visão de que os executivos estão cautelosos devido à lentidão na retomada econômica do Brasil). E na terceira posição, vem riscos de crédito, com 59%. Neste quesito, o dado global é levemente inferior: 57%. É importante destacar que fora do Brasil, os países se preocupam também com segurança cibernética e transformação digital, enquanto que as empresas brasileiras ainda não apontam essa precaução.
- 3. Prioridades estratégicas
Quando perguntados sobre as prioridades estratégicas para os próximos 24 meses, o crescimento das vendas continua a ocupar o primeiríssimo lugar, com um percentual ainda maior, de 81% na amostra nacional. A segunda posição é ocupada por implementação tecnológica (73%). Mas a grande surpresa fica com o terceiro lugar, pois é um item que não havia aparecido anteriormente, em relação aos últimos 24 meses: habilitação digital, com 71%. Na amostra global, esse item aparece tanto no passado como no futuro – neste último, com uma percentagem de 69%. E, empatados em primeiro lugar nas respostas da amostra global, estão crescimento das vendas, rentabilidade do produto e implementação tecnológica, todos com 73%.
“Vale aqui ressaltar que a redução de custos continua como uma das principais prioridades das companhias. O que ocorre é que o atual momento de lenta retomada da economia no país acaba fazendo com que as empresas tentem acelerar o aumento de faturamento para obter maior vantagem competitiva”, destaca Yokomizo.
- 4. Motivadores
Além destes, outros motivadores de negócios são a estrutura regulatória (67% Brasil/61% mundo); o custo desfavorável em relação aos concorrentes diretos (63% Brasil/57% mundo); a diminuição da liquidez e dificuldade de crédito (59% Brasil/53% mundo) e, finalmente, a redução significativa na demanda do consumidor (54% Brasil/55% mundo).
- 5. Implementação de tecnologias
No que diz respeito às tecnologias necessárias para a redução de custos, as soluções em nuvem ou cloud solutions aparecem em primeiro lugar em ambas as amostras: dado positivo, pois a nuvem apresenta grande capacidade para aumentar a segurança de dados, além de reduzir custos com infraestrutura. Na amostra nacional, ela atinge 50% dos respondentes e na global, 49%. Em seguida, vem business intelligence, com 26% e tecnologias cognitivas – Inteligência Artificial e machine learning, com 21% da amostra nacional.
“As práticas e abordagens de gerenciamento de custos têm se tornado cada vez mais sofisticadas com o tempo, e a adoção de soluções digitais, embora ainda esteja em amadurecimento, representa agora o nível mais avançado nesse campo. Ao aproveitar o poder da tecnologia digital para simplificar suas estruturas de custos e gerar economias, as empresas podem tirar o máximo proveito das mais recentes inovações digitais, tornando-se disruptivas, e não desorganizadas”, frisa Heloisa Montes. E finaliza: “O estudo da Deloitte mostra que as empresas agora reconhecem que precisam economizar para transformar, aplicando investimentos em infraestrutura digital para impulsionar melhorias em suas operações, maior eficiência e posicionamento de mercado”.
Metodologia
Ao todo, participaram da pesquisa 1.219 executivos seniores de empresas de 24 países de todo o mundo, dos mais diversos segmentos de atuação: Indústria e Consumo, Serviços Financeiros, Energia, Saúde, Tecnologia, entre outros. Do total de pesquisados, 70 são brasileiros, 47% do chamado C-Level.
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