O tempo médio de atraso é de 67 dias e a principal justificativa para o não pagamento das dívidas é o desequilíbrio financeiro
De acordo com a Pesquisa do Endividamento do Consumidor de Fortaleza, realizada em abril de 2020, 83,1% dos consumidores da capital cearense possuem algum tipo de dívida. O índice de endividamento veio +17,1 pontos percentuais acima do verificado no último mês de março (66,0%), sendo o índice mais elevado da série histórica iniciada em 2009. A pesquisa é realizada pelo Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Ceará (IPDC) da Fecomércio-Ce.
A proporção de consumidores com contas ou dívidas em atraso subiu +5,5 pontos percentuais, passando de 19,8% em março, para 25,3% neste mês – índice mais elevado desde junho de 2018, quando o indicador mediu 29,3%.
Os problemas financeiros afetam mais os homens (27,3% dos entrevistados desse grupo afirmaram possuir contas em atraso), os consumidores do estrato com idade acima dos 35 anos (28,0%) e da classe com renda familiar mensal abaixo de cinco salários mínimos (26,4%).
O tempo médio de atraso é de 67 dias e a principal justificativa para o não pagamento das dívidas é o desequilíbrio financeiro – a diferença entre a renda e os gastos correntes – citado por 50,8% dos consumidores. O segundo motivo mais citado é o adiamento por conta do uso dos recursos em outras finalidades, com 43,1%, seguido da contestação da dívida (8,4%).
Comprometimento da renda
Segundo a pesquisa, os instrumentos de crédito mais utilizados pelos consumidores são: cartões de crédito, citados por 71,2% dos entrevistados; financiamento bancário (veículos, imóveis etc.), com 11,6%; empréstimos pessoais, com 6,8%; carnês e crediários, com 6,1%; e cheque especial, com 2,8%.
O levantamento apontou que o consumidor utilizou o crédito para: consumo de itens de alimentação (47,7% das respostas); realização de despesas de educação e saúde (40,5%); aquisição de eletroeletrônicos (27,6%); e cobertura de despesas relacionadas com aluguéis e moradia (22,2%).
O valor médio das dívidas é de R$ 1.472, com prazo médio de sete meses, comprometendo 36,2% da renda familiar dos consumidores com o seu pagamento, patamar considerado elevado para os padrões históricos do endividamento do cearense.
Inadimplência potencial
A taxa de inadimplência potencial, ou seja, a proporção de consumidores que não terão condições financeiras para honrar seus compromissos, aumentou +0,6 pontos percentuais com relação ao mês anterior, atingindo o patamar de 9,1% – ainda abaixo do verificado em abril do ano passado, de 12,7%.
O perfil do consumidor inadimplente mostra preponderância do grupo de consumidores do sexo masculino (inadimplência potencial de 10,6%), do grupo com idade acima dos 35 anos (10,6%) e do estrato com renda familiar mensal inferior a cinco salários mínimos (9,7%).
Orçamento familiar
A Pesquisa de Endividamento também revela que 78,3% dos consumidores de Fortaleza afirmam fazer orçamento mensal e acompanhamento eficaz dos seus gastos e rendimentos, o que contribui para um melhor controle dos níveis de endividamento. Dos entrevistados, 14,9% relataram que fazem orçamento dos rendimentos, mas sem controle eficaz dos gastos e 6,8% informaram não possuir orçamento e tampouco controle dos gastos.
A falta de planejamento orçamentário é um problema crítico para o controle do endividamento, estando sempre entre um dos principais motivos para o atraso ou inadimplência.
Dos fatores que os consumidores consideram que mais contribuem para esse problema, estão: a falta de orçamento e controle dos gastos, com 34,7%; o aumento dos gastos considerados essenciais, com 27,1%; as compras por impulso, sem necessidade ou além do necessário, com 24,0%; gastos imprevistos, com 23,1%; desemprego, com 22,3%; redução dos rendimentos, com 19,5%; compras sazonais, por influência de eventos e festividades (9,1%); e compras antecipadas, com 6,1%.