Renda extra obtida pelas famílias que alugaram quartos e imóveis por meio da plataforma no Brasil, somada aos ganhos das atividades desenvolvidas pelo turista na localidade e seus efeitos indiretos e induzidos, equivale a cerca de 70 mil novos empregos
Pesquisa inédita da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) mostra que o Airbnb foi responsável por R$ 2,5 bilhões no PIB nacional, um resultado que leva em consideração o impacto econômico da renda extra obtida pelos anfitriões brasileiros com o aluguel de temporada e os gastos dos viajantes com alimentação, compras, passeios, atrações e transporte, entre outros. Essa movimentação econômica e seus efeitos indiretos e induzidos equivalem à geração de 70 mil novos empregos no país.
No Brasil, o Airbnb reúne cerca de 143 mil anúncios e registrou mais de um milhão de chegadas de hóspedes em 2016. A plataforma conta com quase 90 mil anfitriões e o ganho anual de um anfitrião brasileiro típico no ano passado foi de R$ 6.070.
Os resultados da pesquisa da Fipe também mostram que:
– Considerando apenas o setor de comércio e alimentação, a movimentação de hóspedes e anfitriões na plataforma, junto com os efeitos indiretos e induzidos, foi responsável por cerca deR$ 1 bilhão no PIB nacional, equivalente a 40 mil novos postos de trabalho (cálculo que leva em conta o salário médio de um trabalhador dessas áreas). Os demais postos de trabalho foram criados em outros setores, como transporte e até agropecuária, em virtude da cadeia de consumo gerada pelos hóspedes.
– O estudo mostrou que, fora os gastos com hospedagem, os viajantes que optam pelo Airbnb gastam, em média, três vezes mais que aqueles que se hospedam em hotéis. Esse comportamento fez com que os hóspedes do Airbnb acrescentassem R$ 788,2 milhões a mais ao PIB brasileiro do que se tivessem se hospedado em hotéis ou pousadas, segundo estimativa da Fipe. Esse impacto está relacionado ao perfil do viajante da plataforma, que tende a permanecer mais tempo no destino e consumir mais nos comércios dos bairros.
– Segundo o estudo comparativo da Fipe, em virtude de atuar em segmento com características particulares, o Airbnb não é um concorrente direto do setor hoteleiro, uma vez que o número de pessoas que se hospedam por meio da plataforma representa apenas 2,1% do total de hóspedes no Brasil.
É a primeira vez que a Fipe analisa o impacto socioeconômico do Airbnb no Brasil. O estudo se baseia em dados da empresa sobre as operações no País, levantamentos anteriores da fundação sobre o turismo brasileiro, números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Núcleo de Economia Regional e Urbana da USP (Nereus).
O Airbnb é uma plataforma de compartilhamento de lares cuja atividade é prevista e regulamentada pela Lei do Inquilinato, que dispõe sobre aluguel de temporada. Qualquer pessoa interessada em obter uma renda extra pode anunciar pela plataforma, especificando as condições, preços e regras da casa.
Sobre o Airbnb
A plataforma está presente em 191 países, em mais de 65 mil cidades, e já registrou mais de 200 milhões de pessoas no mundo todo, com mais de 4 milhões de anúncios. Tanto para quem aluga quanto para quem busca hospedagem, a plataforma disponibiliza atendimento 24h, monitoramento, ferramentas de segurança, seguro contra danos ao patrimônio e um sistema de pagamento seguro online.
Pesquisa Datafolha realizada no ano passado mostra que 86% dos brasileiros se declararam a favor do compartilhamento de lares com viajantes pela internet. Durante as Olimpíadas Rio 2016, o Airbnb foi parceiro oficial de acomodação alternativa e registrou cerca de 85 mil chegadas de hóspedes. Em três semanas, os anfitriões cariocas receberam cerca de R$ 100 milhões de renda extra.
Metodologia Fipe
A Fipe criou uma metodologia própria para isolar a atuação do Airbnb e seus efeitos sobre a economia brasileira a partir de uma análise de insumo-produto, uma técnica que procura mapear a economia nacional como uma série de setores e regiões interligados, estimando os efeitos diretos, indiretos e induzidos nas cadeias produtivas em todos os setores da economia. As principais fontes de dados utilizadas foram Airbnb, Fipe, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Núcleo de Economia Regional e Urbana da USP (Nereus). Há dados agregados para o Brasil e cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Florianópolis.
- postado por Oswaldo Scaliotti