Foto: Dorian Girão (banco de imagens da Tribuna do Ceará)
Um grupo de quarenta empresários, a Prefeitura de Maracanaú e entidades como a Associação Empresarial de Indústrias – Aedi realizaram ontem, 22, encontro para cobrar ações efetivas para a conclusão das obras de Duplicação do Anel Viário, que se arrastam desde 2010, entre inúmeros atrasos de cronogramas e paralisações. Durante o encontro, que aconteceu no Auditório do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE, em Maracanaú, os empresários apontaram que o atraso para duplicar o Anel Viário, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), tem gerado transtornos e prejuízos para as indústrias locais, como demora nas entregas de mercadoria e no embarque para os portos do Pecém e Mucuripe, elevação do frete, além do atraso dos funcionários na chegada às empresas, gerando custos com horas extras.
Outro prejuízo refere-se à qualidade de vida da população em todas as cidades da Região Metropolitana de Fortaleza que são cortadas pelo Anel Viário, devido aos constantes engarrafamentos, além do isolamento de grandes bairros como a Pajuçara em Maracanaú, por falta de planejamento adequado no trânsito durante a obra. Em Maracanaú, por exemplo, há queda no fluxo de mercadorias e de consumidores em empresas de diversos setores, sobretudo nos bairros às margens do Anel Viário, como Conjunto Industrial, Pajuçara, Alto Alegre e Siqueira.
O secretário de Desenvolvimento Econômico de Maracanaú, Antônio Filho, ressalta que os empresários estão insatisfeitos e temerosos e que situação de infraestrutura do Anel Viário está afastando novos investimentos em toda Região Metropolitana. “O atraso nas obras tem impedido não apenas o município de crescer, mas também outras cidades da Região Metropolitana como Itaitinga e Pacatuba. “Há empresas demitindo funcionários, uma única demitiu 40 de uma vez, pois está localizada em uma área crítica, com trânsito interrompido devido aos atrasos na Duplicação do Anel Viário”, relatou o Secretário.
Segundo Antônio Filho, as vendas na Ceasa já caíram em torno de 40% e restaurantes e postos e combustíveis estão fechando porque não há mais movimento. Somente em Maracanaú, três mil empresas estão sendo afetadas, principalmente as localizadas nos Distritos Industriais. “Sem falar no prejuízo à produtividade dos quase 55 mil trabalhadores formais que temos no nosso Distrito Industrial”, acrescentou.
Durante o evento, que contou ainda com a presença do prefeito de Maracanaú, Firmo Camurça, do deputado federal Roberto Pessoa, do diretor geral do IFCE Campus Maracanaú, Júlio César da Costa Silva, do assessor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT, Osvaldo Neto, ficaram definidas algumas ações para pressionar o Estado e a União, que são responsáveis pela Obra de Duplicação do Anel Viário. O grupo de trabalho definiu que convidará o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, para uma reunião sobre as obras de Duplicação do Anel Viário. O deputado federal Roberto Pessoa informou que fará uma articulação com os demais deputados e senadores do Ceará para viabilizar o encontro. “Preferencialmente em Maracanaú, inclusive com uma visita às obras do Anel Viário”, acrescentou o deputado. Já o prefeito de Maracanaú, Firmo Camurça, informou que será enviado um documento público, tendo a Prefeitura, empresários e entidades como signatários, cobrando ações efetivas e a conclusão da obra, que União e Estado garantem que acontecerá até o final deste ano. “O objetivo é cobrar os órgãos federais e estaduais envolvidos na obra para que sejam garantidos prazos e ações para minimizar os transtornos no trânsito”, detalhou o Prefeito de Maracanaú.
Os empresários reclamam que não houve planejamento de trânsito no que se refere à obra, como retornos e desvios capazes de atender de forma adequada o fluxo de veículos na rodovia, sobretudo de caminhões. “Essa obra já começou sem projeto. Eu só queria entender porque o DNIT libera dinheiro se não tem projeto pronto. Meus motoristas estão pedindo as contas, pois não aguentam mais sair de casa às 5 horas da manhã e chegar as 10 da noite todo dia. Não tem condições, ando estressado, não tenho mais tempo para a minha família, não vejo mais meus filhos. Estou desesperado, disse Gutemberg Costa, empresário da Frutbiss. “O que temos que fazer de imediato é pensar em coisas práticas que possam resolver esse problema. A obra fechou todos os acessos a retornos, isso complica mais ainda o trânsito. A ação mais imediata deveria ser pegar algumas áreas críticas e concluir esses retornos. O fluxo de carros aumentou por causa da falta de planejamento no trânsito, coisa simples de se fazer“, disse Germano Franck, diretor da Chaves Mineração e Indústria.
Entenda a Duplicação do 4º Anel Viário – As obras de Duplicação do Anel Viário se arrastam por cerca de nove anos, desde 2010, passando com vários atrasos de cronograma e inúmeras paralisações. O prazo inicial de término era no final de 2012. A obra foi iniciada pelo Governo Federal, através do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT. No entanto, ainda em 2011, por meio de convênio, o DNIT passou a responsabilidade de execução da obra para o Governo do Ceará, através do Departamento Estadual de Rodovias – DER. O DNIT transfere os recursos para o Estado executar a Duplicação do Anel Viário.
A Duplicação do 4° Anel Viário de Fortaleza liga a BR-020 a CE-040, passando por Eusébio, Itaitinga, Maracanaú, Maranguape e Caucaia. O custo total da duplicação das vias, dos 32 km de extensão, está orçado em R$ 170 milhões.