O índice de inflação divulgado pelo IBGE nesta terça-feira (10) mostra que os bares e restaurantes continuam segurando os repasses dos principais insumos para os cardápios. Em dezembro, a inflação na alimentação fora do lar ficou em 0,52%, abaixo do índice geral de 0,62% e do número relativo aos alimentos e bebidas, de 0,66%. No acumulado do ano, embora um pouco acima do índice geral (5,79%), a inflação no setor (7,47%) fechou muito abaixo do índice de aumento dos alimentos de bebidas (11,64%) e teve quase metade do aumento registrado na alimentação dentro de casa (13,23%).
“Apesar de termos registrado a volta do movimento nos bares e restaurantes, o setor ainda está represando parte dos aumentos dos insumos. Esse é um movimento histórico, se você pegar um espaço mais amplo, como os últimos dez anos. Parte é explicada pelo ganho de produtividade no setor, movimento acelerado pela pandemia, mas outra parte se deu pela falta de condições de aumentar o cardápio num ano de retomada. O fato é que, em termos relativos, diminui a distância entre o custo de se comer em casa do custo de se comer em bares e restaurantes”, diz Paulo Solmucci, presidente-executivo da Abrasel.
No setor de alimentação fora do lar, as refeições (5,86%) subiram bem menos que os lanches (10,67%) no acumulado do ano. Nos últimos doze meses, os insumos no geral ficaram mais caros como o arroz (5,98%), a batata inglesa (51,92%), cebola (130,14%), cenoura (2,52%), presunto (6,51%), leite longa vida (26,18%), biscoito (24,04%), pão de queijo (20,03%), pão de forma (29,72%). Já outros sofreram deflação, como é o caso do feijão preto (-6,01%), da carne de porco (-0,25%) e do filé mignon (-10,72%).
No Ceará
O Estado segue um pouco dos números da média nacional, ainda mais com o crescimento do número de estabelecimentos, porém os impactos da inflação e a dívida decorrente da pandemia seguem atrapalhando o setor. “Os números mostram que apesar do crescimento de estabelecimentos e movimentação, nós temos sido muito penalizados nas nossas margens de lucros. O setor ainda tem um ganho muito abaixo do que é preciso, por conta do endividamento da pandemia e pela alta da inflação que ainda não estamos repassando”, afirma Taiene Righetto.