O tempo médio de atraso é de 65 dias e a principal justificativa para o não pagamento das dívidas é o desequilíbrio financeiro
A Pesquisa do Endividamento do Consumidor de Fortaleza, realizada em setembro de 2019, revela que 60,1% dos consumidores da capital cearense possuem algum tipo de dívida. O índice veio -7,2 pontos percentuais abaixo do indicador do último mês de agosto (67,3%), e superior do verificado no mesmo mês do ano passado (51,3%).
A proporção de consumidores com contas ou dívidas em atraso caiu -3,1 pontos percentuais, passando de 23,3% dos consumidores em agosto, para 20,2% neste mês. Os problemas financeiros afetam mais as mulheres (22,1% dos entrevistados desse gênero afirmaram possuir contas em atraso), os consumidores do grupo com idade acima dos 35 anos (24,0%) e do estrato com renda familiar abaixo de cinco salários mínimos (23,6%).
Diferença entre endividamento e inadimplência
Todo inadimplente está endividado, porém, nem todo endividado está inadimplente. Quando uma pessoa realiza um financiamento bancário ou tem contas no cartão de crédito, por exemplo, ela assume dívidas. No entanto, o que diferencia o endividado do inadimplente é o pagamento desta dívida. Quem tem contas parceladas e realiza o pagamento em dia, significa que está endividado. Porém, aquele que contrai uma dívida e não consegue realizar o pagamento em um prazo de 90 dias, este pode ser considerado inadimplente.
A proporção de consumidores com contas ou dívidas em atraso caiu -3,1 pontos percentuais, passando de 23,3% dos consumidores em agosto, para 20,2% neste mês. Os problemas financeiros afetam mais as mulheres (22,1% dos entrevistados desse gênero afirmaram possuir contas em atraso), os consumidores do grupo com idade acima dos 35 anos (24,0%) e do estrato com renda familiar abaixo de cinco salários mínimos (23,6%).
O tempo médio de atraso é de 65 dias e a principal justificativa para o não pagamento das dívidas é o desequilíbrio financeiro – a diferença entre a renda e os gastos correntes – citado por 56,8% dos consumidores. O segundo motivo mais citado é o adiamento por conta do uso dos recursos em outras finalidades, com 30,6%, seguido da contestação da obrigação (11,9%).
Comprometimento da renda
Em Fortaleza 60,1% dos consumidores possuem algum tipo de dívida. Os instrumentos de crédito mais utilizados pelos consumidores são: cartões de crédito, citados por 78,3% dos entrevistados; financiamento bancário (veículos, imóveis etc.), com 12,4%; empréstimos pessoais, com 11,2%; carnês e crediários, com 6,9%; e cheque especial, com 3,3%.
O consumidor utilizou o crédito para: consumo de itens de alimentação (53,2% das respostas); realização de despesas de educação e saúde (32,0%); aquisição de eletroeletrônicos (31,8%); e compra de artigos de vestuário (27,9%). O valor médio das dívidas está estimado em R$ 1.508, com prazo médio de sete meses,
comprometendo 40,6% da renda familiar dos consumidores com o seu pagamento – o percentual mais elevado verificado no histórico da pesquisa, que adotou a atual metodologia em 2010.
Apesar do consumidor ter reduzido seu consumo e evitado assumir novas obrigações com dívidas, a queda da renda familiar e o desemprego têm contribuído para a elevação da taxa de comprometimento da renda, trazendo novas dificuldades para a gestão do orçamento doméstico.
Inadimplência potencial
O perfil do consumidor inadimplente mostra preponderância do grupo de consumidores do sexo feminino (inadimplência potencial de 8,8%), com idade acima de 35 anos (10,0%) e renda familiar inferior a cinco salários mínimos (9,2%).
A taxa de inadimplência potencial, ou seja, a proporção de consumidores que não terão condições financeiras para honrar seus compromissos, teve leve queda de 0,1 ponto percentual, ficando em 8,5% em setembro. Apesar da relativa estabilidade, o nível é superior ao observado no mesmo mês do ano passado, de 7,4%.
Orçamento familiar
A Pesquisa de Endividamento também revela que 78,0% dos consumidores de Fortaleza afirmam fazer orçamento mensal e acompanhamento eficaz dos seus gastos e rendimentos, o que contribui para um melhor controle dos níveis de endividamento. Dos entrevistados, 12,7% relataram que fazem orçamento dos rendimentos, mas sem controle eficaz dos gastos e 9,3% informaram não possuir orçamento e tampouco controle dos gastos.
A falta de planejamento orçamentário é um problema crítico para o controle do endividamento, estando sempre entre um dos principais motivos para o atraso ou inadimplência. Dos fatores que os consumidores consideram que mais contribuem para esse problema, listam-se: a falta de orçamento e controle dos gastos, com 48,4%; o aumento dos gastos considerados essenciais, com 23,7%; redução dos rendimentos, com 19,7%; desemprego, com 16,7%; gastos imprevistos, com 13,4%; as compras por impulso, sem necessidade ou além do necessário, com 12,8%; e compras antecipadas, com 4,3%.
Sobre o Instituto
O IPDC, instituição integrante do Sistema Fecomércio, é responsável pela elaboração de estudos e pesquisas, sobretudo de viés econômico, fornecendo dados referentes ao comportamento do consumidor. As informações do IPDC auxiliam nas ações de planejamento e desenvolvimento das empresas.