Será inaugurada no dia 16 de abril, às 9h, a GNR Fortaleza (Gás Natural Renovável Fortaleza), com planta localizada no município de Caucaia, zona metropolitana da capital cearense. O empreendimento é a primeira do gênero no Norte Nordeste.
O projeto se adequa à Política Nacional de Resíduos Sólidos, aprovada e sancionada em 2010. O biogás é produzido no ASMOC (Aterro Sanitário Municipal Oeste de Caucaia), que diariamente recebe cerca de 3 mil toneladas de resíduos sólidos domiciliares.
“Essa foi uma preocupação da Ecofor Ambiental, pensando não apenas em atender a legislação, mas também em encontrar uma tecnologia de tratamento de resíduos que tornasse o processo cada vez menos agressivo ao meio ambiente. Então, a empresa procurou parcerias no mercado e identificou a Ecometado. E assim, foi pensada e concretizada a GNR Fortaleza”, explica o diretor-presidente da Marquise Ambiental, Hugo Nery.
O biogás é purificado e convertido em biometano ou gás natural renovável. Serão produzidos aproximadamente 84 mil m³ de biometano por dia, e, futuramente, a planta será ampliada para produzir até 150 mil m³ de gás diariamente, tornando-se, assim, a maior do país, até o momento, em volume de GNR especificado segundo as regras da Agencia Nacional do Petróleo e Biocombustíveis (ANP).
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, cada brasileiro produz, em média, de 800 gramas a 1 quilograma de resíduos sólidos urbanos. São mais de 250 mil toneladas de lixo produzido diariamente no país, sendo que o biogás gerado pela decomposição destes resíduos é composto principalmente pelo gás metano, desperdiçado e emitido para a atmosfera.
Com a instalação da GNR Fortaleza, além da produção de biometano, será possível evitar que mais de 520 mil toneladas de gás carbônico sejam lançados na atmosfera anualmente, reduzindo a emissão de gases de efeito estufa e contribuindo positivamente para as futuras gerações. Trata-se, portanto, de uma solução sustentável que contribui para minimizar os problemas ambientais e de saúde, provenientes da gestão ineficiente do lixo.
“Antes o gás produzido no ASMOC era desperdiçado, sendo queimado ou emitido para a atmosfera. Com a GNR Fortaleza, vamos suprir uma parcela importante do gás natural consumido no estado, além de reduzir a emissão de metano, que é 21 vezes mais nocivo como gás de efeito estufa ante o CO2 (dióxido de carbono)” comenta o gerente de implantação de projetos da Ecometano, Thales Motta.
O gás produzido pela GNR Fortaleza poderá ser injetado na rede e, dessa forma, ser comercializado com clientes da Cegas – concessionária local. Essa também é uma inovação tecnológica e de modelo de negócio implementada pela parceria entre Marquise e Ecometano, visto que, de acordo com Thales Motta, apenas outro projeto operado pela Ecometano no Rio de Janeiro possui autorização da ANP para injeção no gasoduto da concessionária de gás estadual.
A GNR Fortaleza, que funciona em caráter experimental desde dezembro de 2017, já atende a demanda da indústria de Cerâmica Cerbras. “Acreditamos no Desenvolvimento Sustentável, que visa suprir as necessidades da geração atual sem comprometer as futuras gerações. Quando a Cegás nos ofertou a possibilidade de substituir o Gás Natural pelo Gás Natural Renovável, abraçamos imediatamente essa causa, pois sabemos da sua enorme importância. Acreditamos que o maior resultado é a diminuição da emissão do gás metano na atmosfera, um benefício global”, Mariana Mota – Diretora Industrial da Cerbras.
Esse é mais um investimento em tecnologia da Marquise Ambiental, por meio de parceria da Marquise Ambiental com a Ecometano Empreendimentos, empresa pioneira no setor de produção de gás natural renovável (GNR). A Marquise atua na área de tratamento de resíduos desde 1984, sendo a terceira maior do país em coleta de lixo. Já a Ecometano, empresa totalmente nacional fundada em 2012, recebeu no final de 2017 a primeira autorização da ANP concedida a planta de gás natural renovável em funcionamento no país.
Em Fortaleza, o projeto é único, mas pode se expandir para outros aterros operados pela Marquise. Isso dependerá de estudos de viabilidade e do mercado consumidor da região do aterro.
PROCESSO
A usina capta o biogás produzido no aterro em 230 poços de gás. Na sequência, este gás é encaminhado para a planta de purificação, onde é transformado em biometano, combustível totalmente compatível com o gás natural fóssil. O biometano, de acordo com Hugo Nery, deve suprir cerca de 30% da necessidade de gás para as residências, para o comércio e para as indústrias do Ceará. Já foram investidos cerca de R$ 100 milhões no projeto.
“A destinação inadequada dos resíduos sólidos gera problemas de saúde e ambientais. Transformar o lixo em insumos para a economia é um caminho que precisa ser trilhado. A Ecofor, assim como toda a Marquise Ambiental, busca encontrar soluções que agreguem valor aos resíduos e os transforme em benefícios para a sociedade. Esse é o caso da GNR Fortaleza”, explica Nery.