A técnica foi desenvolvida no Ceará e mais nove cirurgias já estão programadas
O uso da pele de tilápia na área da Ginecologia, iniciado a partir de pesquisas desenvolvidas em Fortaleza/CE, ganhou destaque internacional. No último dia 2, ocorreu em Cali-Colômbia, a primeira cirurgia de redesignação de sexo (masculino para feminino), realizada fora do Brasil, utilizando a pele do peixe cultivado em abundância no Nordeste brasileiro.
O procedimento cirúrgico, que teve duração de duas horas, foi realizado em um paciente de 36 anos de idade, por uma equipe que contou com as participações dos pesquisadores cearenses Edmar Maciel Lima Júnior e Leonardo Bezerra, bem como do cirurgião plástico Álvaro Rodriguez, referência na Colômbia e na América do Sul em cirurgia de redesignação sexual. Outras nove cirurgias já estão agendadas para ocorrer naquele país até o fim do ano, com matéria prima originária do Banco de Peles de Tilápia, instalado no NPDM/UFC – Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos da Universidade Federal do Ceará.
“Sucesso total”, comemoraram os cientistas cearenses ao fim dos trabalhos na Colômbia, no último dia 5, informando que a paciente deverá ter alta, na Clínica LungaVita, em Cali, até a próxima quarta-feira. Segundo eles, o procedimento cirúrgico contou com aprovação do Conselho de Ética Médica colombiano e foi precedido por um meeting internacional, com o objetivo de discutir e padronizar a técnica e as estratégias que vão nortear as cirurgias de redesignação sexual com a pele de tilápia em todo mundo. Aspectos éticos e legais, em âmbito internacional, também fizeram parte da pauta.
Autor da técnica de redesignação sexual usando a pele de tilápia, Leonardo Bezerra informa que o procedimento foi testado por uma equipe multidisciplinar da Maternidade Escola Assis Chateaubriand e do NPDM, sob coordenação do médico Odorico Morais. O uso de pele de tilápia na Ginecologia passou a ser pesquisado a partir do sucesso alcançado com a utilização da membrana no tratamento de queimaduras – pesquisa realizada no Ceará desde 2014, com coordenação do cirurgião plástico e presidente do Instituto de Apoio ao Queimado (IAQ), Edmar Maciel. Segundo Bezerra, com a pele de tilápia, o procedimento cirúrgico ficou mais rápido e menos agressivo.