O tempo médio de atraso é de 65 dias e a principal justificativa para o não pagamento das dívidas é o desequilíbrio financeiro
A Pesquisa do Endividamento do Consumidor de Fortaleza, realizada em setembro de 2017, revela que 66,4% dos consumidores da capital cearense possuem algum tipo de dívida. O índice veio +2,7 pontos percentuais acima do indicador do último mês de agosto (63,7%) e superior ao índice de setembro do ano passado (64,0%).
Apesar do aumento na taxa geral de endividamento, tanto o indicador de contas em atraso quanto o de inadimplência potencial tiveram melhora. A proporção de consumidores com contas ou dívidas em atraso melhorou -2,1 pontos percentuais, passando de 20,9% dos consumidores em agosto, para 18,8% neste mês – o melhor resultado desde abril de 2015 (18,5%).
O tempo médio de atraso é de 65 dias e a principal justificativa para o não pagamento das dívidas é o desequilíbrio financeiro – a diferença entre a renda e os gastos correntes – citado por 57,6% dos consumidores. O segundo motivo mais citado é o adiamento por conta do uso dos recursos em outras finalidades, com 30,1%, seguido da contestação da dívida (11,7%).
Comprometimento da renda
Em Fortaleza 66,4% dos consumidores possuem algum tipo de dívida. Os instrumentos de crédito mais utilizados pelos consumidores são: cartões de crédito, citados por 83,6% dos entrevistados; financiamento bancário (veículos, imóveis etc.), com 12,9%; carnês e crediários, com 7,4%; e empréstimos pessoais, com 6,7%.
O consumidor utilizou o crédito para: Consumo de itens de alimentação (60,6% das respostas); Compra de artigos de vestuário (38,1%) Realização de despesas de educação e saúde (37,3%); e Aquisição de eletroeletrônicos (31,0%). O valor médio das dívidas é estimado em R$ 1.292, com prazo médio de oito meses, comprometendo 36,9% da renda familiar dos consumidores com o seu pagamento.
Inadimplência potencial
A taxa de inadimplência potencial, ou seja, a proporção de consumidores que não terá condições financeiras para honrar seus compromissos, teve diminuição de -2,6 pontos percentuais, passando de 9,9%, em agosto, para 7,3% neste mês. O resultado também é inferior à taxa de setembro do ano passado (8,0%), mantendo a tendência de queda do indicador.
O perfil do consumidor inadimplente mostra preponderância do grupo de consumidores do sexo feminino (inadimplência potencial de 9,1%), com idade acima dos 35 anos (8,4%) e renda familiar inferior a cinco salários mínimos (7,7%).
Orçamento familiar
A Pesquisa de Endividamento também revela que 75,7% dos consumidores de Fortaleza afirmam fazer orçamento mensal e acompanhamento eficaz dos seus gastos e rendimentos, o que contribui para um melhor controle dos níveis de endividamento. Dos entrevistados, 12,1% relataram que fazem orçamento dos
rendimentos, mas sem controle eficaz dos gastos e 12,2% informaram não possuir orçamento e tampouco controle dos gastos.
A falta de planejamento orçamentário é um problema crítico para o controle do endividamento, estando sempre entre um dos principais motivos para o atraso ou inadimplência. Dos fatores que os consumidores consideram que mais contribuem para esse problema, listam-se:
- A falta de orçamento e controle dos gastos, com 38,4%;
- O aumento dos gastos considerados essenciais, com 31,1%;
- As compras por impulso, sem necessidade ou além do necessário, com 25,5%;
- Redução dos rendimentos, com 17,3%;
- Compras antecipadas, com 16,4%;
- A facilidade de acesso ao crédito, com 13,2%; e
- Desemprego, com 11,0%.
Saiba mais
O Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Ceará (IPDC) da Fecomércio-CE foi criado para suprir a ausência de informações práticas e de dados estatísticos confiáveis que auxiliassem as ações de planejamento e de desenvolvimento das empresas do segmento de comércio de bens, serviços e turismo. O Instituto realiza e desenvolve pesquisas, sobretudo, de viés econômico, fornecendo dados referentes ao comportamento do consumidor, a situação econômica do comércio local e as tendências de mercado e de consumo dos fortalezenses.
A pesquisa de Endividamento é realizada mensalmente e tem como objetivo indicar a capacidade de endividamento do consumidor de Fortaleza, visando conhecer o comprometimento financeiro desse, em relação ao comércio local. Quatro indicadores distintos são verificados nessa pesquisa: Taxa de Consumidores com Contas ou Dívidas em Atrasos; Taxa de Comprometimento da Renda do Consumidor; Taxa de Inadimplência em Potencial e Planejamento Financeiro e Orçamento Familiar. Mensalmente, cerca de mil consumidores da região metropolitana de Fortaleza são entrevistados pelo IPDC para a realização desta pesquisa.
- postado por Oswaldo Scaliotti