Outubro chegou, e os laços rosas estão espalhados pelas ruas da cidade, para lembrar a população sobre o tipo de câncer mais comum entre as mulheres. Segundo o INCA, o câncer de mama registra cerca de 29% de casos novos a cada ano. São aproximadamente 60 mil brasileiras diagnosticadas anualmente. Outro dado alarmante é o aumento da incidência entre mulheres com menos de 40 anos: um acréscimo de 2,6% entre 2010 e 2015.
No Brasil, em mulheres com menos de 35 anos, a incidência hoje está entre 4% e 5% dos casos, faixa etária em que historicamente apenas 2% dos casos eram observados. “Este fenômeno está sendo observado não apenas no Brasil e possivelmente tenha relação com estilo de vida contemporâneo: menor número de filhos, gestação mais tardia, período curto de amamentação, alimentação inadequada, aumento do consumo de álcool, sedentarismo e obesidade podem estar influenciando esta mudança de aparecimento de tumores de mama em mulheres mais jovens. A frequência de tumores mais agressivos também é maior entre as mulheres mais jovens”, explica a mastologista do Hospital São Camilo Fortaleza, Lina Barbosa.
As pessoas costumam se assustar com um diagnóstico de câncer, mas existe um caminho a seguir que dá mais chances de sucesso no tratamento. Segundo Lina Barbosa, “o diagnóstico precoce, quando possível, hábitos saudáveis e uma rotina de exercícios são as principais recomendações para evitar qualquer tipo de câncer, para ter sucesso no tratamento e diminuir as chances de recidiva da doença”.
Umas das formas de se obter esse diagnóstico é através autoexame das mamas, que deve ser feito mensalmente. Além de ajudar no conhecimento do próprio corpo, auxilia a perceber as mudanças habituais sofridas pelas mamas a cada mês.
Maria Camila Moura, psicóloga, descobriu o câncer em novembro de 2014, com 26 anos. Ela conta que foi por meio de uma selfie, quando notou que seus seios estavam muito aparentes na foto. Ao refazer, colocou a mão cobrindo o decote e acabou identificando um nódulo. Após a realização de exames, foi constatado um tipo raro de câncer de mama (Carcinoma metaplásico), o tipo de câncer com alta velocidade de reprodução.
Camila passou por 16 quimioterapias, 28 radioterapias, mastectomia radical bilateral, ou seja, tirou os dois seios, depois fez uma série de cirurgias plásticas. “Para as mulheres que estão passando por esse tratamento, eu sei que a maioria das pessoas coloca uma frase bem motivacional, tentam dar aquele amparo, mas se eu pudesse contribuir, eu gostaria de dizer para vocês se permitirem ser humanas. Nós não somos guerreiras, não temos que ser fortes o tempo inteiro, não existe isso, de estar o tempo inteiro sorrindo, esse é o imperativo da felicidade que nos é imposto. Mas também não somos vítimas, não é porque eu estou com câncer que eu não tenho como reagir, que eu não tenho nada a fazer’”, afirma.