Neste mês de Janeiro, a Pesquisa sobre Endividamento do Consumidor de Fortaleza, divulgada pela Federação do Comércio do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), mostra que 72,1% dos consumidores da capital cearense possuem algum tipo de dívida. O resultado veio 1,5 pontos percentuais acima do indicador do último mês de dezembro (70,6%), confirmando um aumento do endividamento.
A pesquisa, entretanto, também mostra uma melhoria nos indicadores de contas em atraso (22,3%) e queda na proporção da renda comprometida com o pagamento de dívidas (33,9%), indicadores da melhoria da qualidade do crédito.
A proporção dos consumidores com contas ou dívidas em atraso teve redução de 0,3 pontos percentuais, indo de 22,6%, em dezembro, para 22,3% neste mês. Os problemas financeiros afetam mais os homens (22,4% afirmam possuir contas em atraso), os consumidores do grupo com idade entre 18 e 24 anos (24,1%) e do estrato com renda familiar entre cinco e dez salários mínimos (23,1%).
O tempo médio de atraso é de 73 dias e a principal justificativa para o não pagamento das dívidas é o desequilíbrio financeiro – a diferença entre a renda e os gastos correntes – citado por 63,7% dos consumidores. O segundo motivo mais citado é o adiamento, por conta do uso dos recursos em outras finalidades, com 28,3%, seguido da contestação da dívida (8,2%).
Comprometimento de Renda
Em Fortaleza, 72,1% dos consumidores possuem algum tipo de dívida. Os instrumentos de crédito mais utilizados pelos consumidores são: (a) cartões de crédito, citados por 76,1% dos entrevistados; (b) o financiamento bancário (veículos, imóveis etc.), com 15,3%; (c) os carnês e crediários (10,8%); e (d) os empréstimos pessoais, com 8,0%.
O consumidor utilizou o crédito para a compra de:
- Itens de alimentação (53,1% das respostas);
- Artigos de vestuário (39,8%);
- Eletroeletrônicos (33,6%); e
- Realização de despesas de educação e saúde (25,6%).
O consumidor vem apresentando dificuldades no gerenciamento de suas dívidas desde o final de 2014, quando os estímulos ao consumo foram reduzidos. Além disso, o peso dos itens de alimentação nas contas a prazo indica dificuldades no controle do orçamento doméstico, nos últimos meses.
O valor médio das dívidas é estimado em R$ 1.340 e prazo médio de sete meses, comprometendo 33,9% da renda familiar dos consumidores com o seu pagamento.
Inadimplência potencial
A taxa de inadimplência potencial, ou seja, a proporção de consumidores que não terão condições financeiras para honrar seus compromissos, teve aumento de 0,7 pontos percentuais, passando de 6,8%, em dezembro, para 7,5%, neste mês.
A manutenção de um percentual elevado da renda comprometida com o pagamento de dívidas e o aumento do custo de vida contribui para o crescimento da inadimplência potencial, mas a maioria dos consumidores parece estar conseguindo administrar a qualidade do crédito.
O perfil do consumidor inadimplente mostra preponderância do grupo de consumidores do sexo feminino (8,4%), com idade acima dos 35 anos (8,8%) e renda familiar abaixo de cinco salários mínimos (7,8%).
Orçamento familiar
A Pesquisa de Endividamento também revela que 78,9% dos consumidores de Fortaleza afirmam fazer orçamento mensal e acompanhamento eficaz dos seus gastos e rendimentos, o que contribui para um melhor controle dos níveis de endividamento. 8,8% relataram que fazem orçamento dos rendimentos, mas sem controle eficaz dos gastos e 12,3% dos entrevistados informaram não possuir orçamento e tampouco controle dos gastos.
A falta de planejamento orçamentário é um problema crítico para o controle do endividamento, estando sempre entre um dos principais motivos para o atraso ou inadimplência. Dos fatores que os consumidores consideram que mais contribuem para esse problema, listam-se:
- A falta de orçamento e controle dos gastos, com 33,3%;
- As compras por impulso, sem necessidade ou além do necessário, com 28,8%;
- Gastos imprevistos, com 18,4%;
- O aumento dos gastos considerados essenciais, com 16,3%;
- Compras antecipadas, com 15,8%; e
- Facilidade do crédito para compras a prazo, com 9,2%.
Saiba mais
A pesquisa é realizada mensalmente e tem como objetivo indicar a capacidade de endividamento do consumidor de Fortaleza, visando conhecer o comprometimento financeiro desse, em relação ao comércio local.
Auxilia os empresários a planejarem estratégias de vendas, analisarem situações de risco, entre outras oportunidades. Quatro indicadores distintos são verificados nessa pesquisa: Taxa de Consumidores com Contas ou Dívidas em Atrasos; Taxa de Comprometimento da Renda do Consumidor; Taxa de Inadimplência em Potencial e Planejamento Financeiro e Orçamento Familiar. Mensalmente, cerca de mil consumidores da região metropolitana de Fortaleza são entrevistados pelo IPDC para a realização desta pesquisa.
- postado por Oswaldo Scaliotti