Em 2019, uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostrou que 4,4 milhões de brasileiros já fizeram o uso sem prescrição médica de algum opioide, que possui efeito potente de sedativo. Um outro estudo, publicado no American Journal of Public Health em 2018, acendeu o alerta para o aumento do consumo legal desses medicamentos. Em seis anos, a venda sob prescrição de analgésicos à base de ópio cresceu 465%, segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Esses fármacos são usados no tratamento da dor, seja ela crônica ou aguda, e receitados quando as dores persistem mesmo após o uso de analgésicos simples, como dipirona e paracetamol.
“Quando se trata de dor, o médico sempre tem que avaliar quando ela começou, a localização, a causa, a intensidade, o padrão de persistência e se é contínua ou intermitente. Depois, é decidido qual o medicamento mais apropriado”, explica Camila Castro, médica geriatra da Casa de Cuidados do Ceará (CCC), unidade da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) e gerida pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH).
Quando a dor é intensa e não melhora após o uso de analgésicos comuns, os médicos costumam indicar opioides. Essas medicações só devem ser usadas quando prescritas pelo profissional de saúde, seguindo as recomendações e por tempo determinado. Casos de dependência surgem, na maioria das vezes, quando há automedicação e uso indevido.
Consequências de uso prolongado de opioides
“Na dor crônica, temos várias opções de medicações a serem usadas. Nesses casos, a depender da causa da dor, evitamos o uso de opioides, pois seu consumo prolongado aumenta a ocorrência de efeitos adversos e a necessidade constante de aumento de dose. Eles são recomendados para tratamento de dores de maior intensidade que não respondem a outras medicações ou em situações em que outros remédios não são indicados a longo prazo, bem como para evitar efeitos adversos”, acrescenta a médica.