fotos anexo: Delano Soares
Em apresentação única no Teatro B de Paiva, no Porto Dragão, dia 29 de outubro, 20h, o espetáculo “Adiante” estreia abordando as dores e tribulações geradas por questões que inquietam os dias atuais como a ansiedade, paralisação e depressão, por uma perspectiva de resistência. Com texto, direção, atuação e produção de Kevin Balieiro, “Adiante” traz no elenco também os atores Nádia Fabrici e Bruno Lobo
Iniciado o processo de criação em setembro de 2018, o espetáculo “Adiante”, pode-se afirmar, é uma transmutação reformulada a várias mãos, dores, sentimentos e experiências trazidas pelo próprio autor e diretor Kevin Balieiro, a partir de sua trajetória pessoal na convivência com a Síndrome de Borderline ou Transtorno de Personalidade Limítrofe. (https://www.vittude.com/blog/sindrome-de-borderline/).
A produção do espetáculo teve início no mesmo período em que Kevin se preparava para iniciar o percurso prático de sua pesquisa de Mestrado no Programa de Pós-graduação em Artes da Cena na Universidade Estadual de Campinas, voltada à sinestesia vocal do ator.
Inspirado no Teatro do Absurdo, na vertente filosófica Existencialista e na corrente estética do Surrealismo, “Adiante” traz dois homens e uma jovem mulher em meio a um mundo pós apocalíptico devastado por uma praga, confinados à narração eterna e ininterrupta de suas memórias.
Nesse contexto, o público vai conferir momentos de tensão psicológica exaltados nas luzes, vozes no escuro, na plástica indefinida dos dramas dos personagens através de jogos de palavras e variações vocais executados pelos atores, com o intuito de trazer a atenção do espectador às sensações desencadeadas pela sonoridade das palavras.
Parceria
Com o apoio dos amigos e atores Bruno Lobo, Nádia Fabrici, Héctor Briones, Wescly Psique, Bruna Pessoa, Ciel Carvalho, Marsuelo Sales, Mário César Martins, e também de sua irmã e produtora musical Julia Balieiro, e toda a equipe de artistas, o projeto nasceu e se desenvolveu do desejo de discorrer sobre a instabilidade psicológica e emocional humana de modo contrário ao postulado pessimista disseminado por diversas obras existencialistas e absurdistas trabalhadas pelo autor no início da carreira.
No início do ano de 2018, teve a ideia de montar um espetáculo a partir de diversos poemas e pequenos textos que havia escrito desde a sua adolescência, levando-o a contatar o ator e amigo de longa data Bruno Lobo. Ambos haviam trabalhado juntos ao longo do ano de 2014 e 2015 nos espetáculos “HAMLET: SOLO” e “ROS&GUIL estão mortos”, dirigidos por Thiago Arrais. Bruno abarcou no projeto, que teve o seu processo de pesquisa iniciado em setembro de 2018.
Para Kevin Balieiro, o contexto político e socioeconômico da realidade em que vivemos atualmente é absurdo e suficientemente pessimista por si só, a comunicação é falha, frágil, imediatista e distanciada, e por isso, questões como a perda da identidade, desorientação e insegurança, mostram-se assustadoramente fortes e recorrentes, desencadeadas pelo frenesi caótico em que nos encontramos imersos diariamente, resultando em depressão, ansiedade, reclusão, fobia social, pânico, paralisação, e como vem se tornando cada vez mais comum, morte por suicídio ou por abuso de substâncias.
“Deste modo, o espetáculo busca refletir acerca da força que possuímos e da esperança que jaz no ato de persistir, propondo um olhar à possibilidade de quebra do paradigma pessimista atrelado a estas questões através da tentativa de transcendê-las, direcionando o foco principal à resiliência e à luta por seguir adiante”, completa Kevin.
Ainda em 2018, Kevin desenvolveu o que viria a ser o texto de “Adiante”, previamente intitulado de “Um Lugar Melhor”. Esta foi a primeira vez que Kevin aventurou-se na escrita dramatúrgica, inspirando-se em seus poemas e textos escritos ao longo de 10 anos e em suas memórias e experiências. Kevin ansiava por levar ao palco algo que mostrasse os horrores da instabilidade psicológica e emocional pelo viés da resistência.
Influência
Outros dramaturgos, como Samuel Beckett, Eugene Ionésco, Sarah Kane, Harold Pinter, Jean Genet e Jean-Paul Sartre sempre atraíram a atenção de Kevin, assim como os pintores como Edward Hopper, Max Ernest e René Magritte. Sören Kierkegaard e sua Teoria do Desespero Humano, considerados precursores da vertente filosófica do Existencialismo, foram os objetos de pesquisa e estudo aprofundado de Kevin durante sua estadia em Bristol, na Inglaterra, onde teve sua estreia como diretor no espetáculo solo “SUNK – a patchwork of sarah kane, samuel beckett, harold pinter, charles bukowski, william shakespeare and others”, que abordava o suicídio e a perda da sanidade.
Desde o início de sua trajetória como artista, aos 11 anos de idade, Kevin sempre fora um grande adepto do Teatro Existencialista e Absurdista. Sua estreia no palco, ainda quando criança, fora na montagem cênica de “Jesus-homem”, obra de Plínio Marcos, considerado o dramaturgo nacional precursor do Teatro Maldito.
No entanto, o ator sentia a necessidade de criar algo que fugisse dos padrões pessimistas estabelecidos por seus dramaturgos e escritores prediletos, saturado do pessimismo de seus próprios pensamentos. Ao pensar em si como um espectador em períodos apurados de instabilidade psicológica indo ao teatro, ele não desejaria assistir algo que comunicasse a clássica mensagem existencialista de que “tudo está perdido”. Desta forma, empenhou-se em desenvolver uma dramaturgia textual de cunho existencialista, mas que fosse voltada às possibilidades de ultrapassamento, persistência e avanço, elaborando o texto de “Adiante” como uma mensagem de força e resiliência, direcionando o foco principal aos avanços que temos a capacidade de realizar, apesar de todos os impasses que nos são apresentados ao longo da jornada.
Kevin Balieiro, ator, produtor, diretor, dramaturgo, modelo fotográfico, arte-educador e pesquisador da área de voz no teatro. Graduado em Teatro – Licenciatura pela Universidade Federal do Ceará. Pós-graduando em Artes da Cena pela Universidade Estadual de Campinas, foi vencedor do IX Concurso Jovens Dramaturgos promovido pelo SESC.
Iniciou sua trajetória no teatro em 2002 com a Cia. Quanta de Teatro, residente em Rio Claro/SP, com o espetáculo “Jesus-homem”, da obra de Plínio Marcos, com direção de Jefferson Primo. Em 2003, iniciou sua trajetória no cinema, com o média-metragem “Pirlimpsiquice”, da obra de Guimarães Rosa, com direção de João Paulo Miranda.
No teatro, sucederam-se: “A.M.O.R.”, de Juliana D’Urso (Rio Claro/SP, 2003), “Romeu & Julieta”, de Eva Prudêncio (Piracicaba/SP, 2007), “A Sensação En(Cena)”, de Tiago Fortes (Fortaleza/CE, 2010), “Pequenas Criaturas”, de Pedro Henriques (Fortaleza/CE, 2011), “Coriolano”, de Tiago Fortes (Fortaleza/CE, 2011), “Um Lugar Para Ficar em Pé – Últimas Peças e Outros Fragmentos de Samuel Beckett”, de Héctor Briones (Fortaleza/CE, 2012) – trabalho pelo qual foi indicado à categoria de
Melhor Ator na XXVII Edição do Troféu Carlos Câmara de Destaques do Ano de 2012, “SUNK – a patchwork of sarah kane, charles bukowski, william shakespeare, samuel beckett, harold pinter and other fragments”, de Kevin Balieiro”
(Bristol/UK, 2013) – trabalho solo com direção e idealização autorais realizado na University of the West of England, pelo programa Ciência Sem Fronteiras, promovido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.
Nádia Fabrici, atriz, bailarina, performer e pesquisadora em movimento. Iniciou suas atividades artísticas em 2008. Estudou Ballet Clássico na Escola Gorretti Quintella. Adquiriu experiência em dança contemporânea através da Companhia de Dança e Teatro Rútilo. Integrou a primeira turma de Licenciatura em Teatro da Universidade Federal do Ceará em 2010, graduando-se em janeiro de 2014. Em 2010, teve sua primeira experiência cênico-acadêmica como atriz, com o espetáculo “Bum”.
No percurso universitário, foi artista-pesquisadora do ASCO – Coletivo de investigações em performance, onde realizou em 2013 a performance “Amálgama”, apresentando-se, dentre outros, no Festival Vale do Jaguaribe em Russas (FESTIVALE), Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga (FNT) e Encontro de Transgressões Estéticas, em São Luís (MA).
Atuou também no espetáculo “Um Lugar Para Ficar Em Pé”, dirigido por Héctor Briones – montagem de conclusão de curso que percorreu o Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga, Festival Estudantil de Teatro de Belo Horizonte (FETO), 3ª Mostra Universitária Salvador de Teatro (MUST). Cursou “Atuação para cinema” na Escola Porto Iracema das Artes com Cleo Magalhães e teve como trabalho final a realização do filme “Ditado”. Atuou nos filmes “O Animal Sonhado”, sob direção do Coletivo Tardo Filmes, exibido em 2015, na Mostra Aurora em Tiradentes; “Talvez Fulana”, com exibição no Cine Ceará 2014.
Ingressou como atriz no Grupo Terceiro Corpo, onde estreou, em 2014, o espetáculo “Tudo ao Mesmo Tempo Agora”, com direção e dramaturgia de Maria Vitória. Em 2015 ingressou em sua segunda graduação no Curso de Dança Bacharelado (UFC). Entre apresentações, destaca-se a Bienal Internacional de Dança do Ceará e desde 2015 realiza intervenções urbanas, dentre elas, “Carandiru Pra Quem?”, tendo repercussão em outros estados do Brasil. Em 2017, estreou o espetáculo “Asja Lacis já não me escreve”, com a Cia Terceiro Corpo.
Bruno Lobo, ator. Formado pelo Curso Princípios Básicos de Teatro do Theatro José de Alencar, turma de 2009, conduzida por Silvero Pereira, atuando no espetáculo “Alice”, com direção do mesmo, e posteriormente, no espetáculo “O Mistério da Cascata”, também com direção de Silvero Pereira.
Cursou Licenciatura em Teatro no IFCE, e já participou dos grupos Teatro Mimo (no qual atuou no espetáculo “Mulieres”, com direção de Thomaz de Aquino), Teatro Máquina (no atuou em “Ivanov”, com direção de Fran Teixeira), Coletivo Soul (no qual atuou em “Nossa Cidade”, “HAMLET: SOLO” e “ROS&GUIL estão mortos”, todos sob direção de Thiago Arrais), e Projeto Cadafalso (atuando no
espetáculo “Breu”, com direção do próprio grupo). Atualmente trabalha com teatro corporativo e entretenimento infantil com a Blitz Intervenções, onde desenvolve seu trabalho com maquiagem artística.
Ficha técnica
- Direção: Kevin Balieiro
- Dramaturgia: Kevin Balieiro
- Produção: Kevin Balieiro
- Elenco: Kevin Balieiro, Nádia Fabrici e Bruno Lobo
- Orientação: Héctor Briones
- Consultoria Dramatúrgica: Bruno Lobo
- Assistência de Produção: Bruno Lobo, Nádia Fabrici e Wescly Psique
- Iluminação: Ciel Carvalho
- Figurino: Mário César Martins
- Sonoplastia | Sound Design: Julia Balieiro
- Cenotécnica | Adereços: Marsuelo Sales | Oficina Gato Preto
- Maquiagem: Bruno Lobo
- Operação de Som: Bruna Pessoa
- Contrarregra | Distorção Vocal: Wescly Psique
- Coreografia: Nádia Fabrici
- Concepção das Sombras | Arte de Divulgação: Diego Landin |ERRATICA design
- Design Gráfico: Mário César Martins
- Fotografia | Filmagem: Delano Soares
- Assessoria de Imprensa: Aécio Santiago
- Captação Vocal: Gustavo Portella | Varanda Criativa
- Apoio | Realização: SuperSoft Sistemas: Sistemas de Gestão ERP e Contábil, Talklink Telecom – Provedor de Fibra Ótica, Globomed, e-Contab – Sistemas de Gestão Contábil, Comedores de Abacaxi S/A, Chá de Abacaxi, Teatro Universitário Paschoal Carlos Magno, Varanda Criativa, Oficina Gato Preto e Universidade Estadual de Campinas
- Agradecimentos: América César de Mattos, João Carlos Aguiar de Mattos, Alexandre César, Augusto César Mattos, Patrícia Balieiro, Wilma Balieiro, Soraya Costa, Hugo Balieiro, Ana Mattos Corrêa Neto, Ariana Balieiro, Marcelo Balieiro, Andreia Pires, Porto Dragão, Chá de Abacaxi, Porto Iracema das Artes, Aristides de Oliveira, Juliana Rangel, Felipe Querino, Débora Ingrid, Maiara Teles, Ana Luiza Rios, Jéssica Teixeira, Studio A+, Yasmin Bacchi, Rodrigo Ferrera e Tiago Theles.
Serviço:
Espetáculo Adiante – apresentação única
Data: dia 29 de outubro, terça-feira
Local: Teatro B de Paiva – Porto Dragão
Horário: 20h
Ingressos: R$20 (inteira) e R$10 (meia)
Classificação: 16 anos
Informações 3433.1954