Foram ouvidos 46 empresários brasileiros, que juntos receberam R$ 6,4 bilhões em investimentos de private equity
Foi lançada a pesquisa “Empresas investidas por fundos de private equity no Brasil: lições aprendidas“. O estudo, elaborado pelo Centro de Finanças do Insper, a Cátedra Endeavor e a Ártica Investimento, entrevistou 46 empresários brasileiros, que estiveram em algumas das principais transações de private equity do país – juntos eles receberam R$ 6,4 bilhões em investimentos.
O resultado foi um retrato inédito dos erros e acertos dos empresários em cada etapa da relação com os investidores (da escolha do fundo, passando pela convivência, até o momento de saída do investidor). Dessa forma, foi possível aprofundar conhecimento em um tema essencial para o crescimento das médias e grandes empresas brasileiras, mas que acaba se transformando em relacionamentos conturbados para muitos executivos.
Erros
Com exceção de 1 entrevistado, todos recomendaram o investimento de private equity para outros empresários, na maior parte das vezes com algumas ressalvas. Cerca de 57% dos entrevistados indicaram alguma ressalva, destacando que a decisão de prosseguir ou não com a transação depende do perfil do fundo selecionado, as ambições do empresário e as condições da empresa, bem como aspectos de negociação. Dentre as ressalvas feitas estão: (i) a necessidade de encontrar um perfil de fundo adequado, (ii) que o empresário tenha ambição para crescer, (iii) que a empresa esteja preparada para um fundo e (iv) que a entrada do fundo seja bem negociada.
Embora mais de 2/3 dos entrevistados tenha julgado que a relação com o fundo foi boa, a maior parte relatou a ocorrência de conflitos. As principais divergências narradas dizem respeito à (i) visão do negócio, (ii) desalinhamento quanto ao momento e forma de saída do fundo, (iii) troca de equipe do fundo, (iv) interferência na gestão e (v) divergência entre co-investidores.
A maior parte dos empresários entrevistados julgou que os conselheiros indicados pelo fundo não detinham conhecimento específico do negócio, mas contribuíram, pelo menos parcialmente, para a implementação da tese de investimento. A indicação de executivos também contribuiu pelo menos parcialmente, sendo que a posição mais frequentemente indicada foi a de CFO.
Acertos
As grandes contribuições que os fundos trouxeram, segundo os empresários, foram: (i) a profissionalização da gestão e do processo, (ii) a estruturação da governança e (iii) a atração de talentos. A frustração mais recorrente foi a percepção de que o fundo não detinha conhecimento suficiente para interferir na gestão do negócio. Curiosamente, entretanto, alguns empresários reclamaram da pouca proximidade dos fundos com a gestão da empresa. Isso indica que a seleção criteriosa do fundo, com especial atenção ao seu perfil de atuação, e o alinhamento, no acordo de acionistas, de como ele irá contribuir para a empresa são fundamentais para o bom funcionamento da parceria.
A maior parte dos entrevistados opinou que a saída ocorreu num bom momento para os eles e para o fundo. Relataram que é importante que o empresário esteja preparado para a saída, seja a sua ou a do fundo, e que participe proativamente desse momento.
SOBRE ENDEAVOR
A Endeavor é uma das principais organizações de fomento ao empreendedorismo no mundo. Atua na mobilização de organizações públicas e privadas e no compartilhamento de conhecimento prático e de exemplos de empreendedores de alto impacto para fortalecer a cultura empreendedora do país.
No Brasil desde 2000, já ajudou a gerar mais de R$ 2 bilhões em receitas anualmente e mais de 20.000 de empregos diretos através de programas de apoio a empreendedores; e a capacitar mais de quatro milhões de brasileiros com programas educacionais presenciais e a distância.