No dia 17 de janeiro, às 19h, serão abertas as duas novas mostras. Ao todo, o público poderá visitar seis exposições, que inclui ainda: “Miolo de Pote”, “Narrativas e Alteridade”, “Vaqueiros” e “Bestiário Nordestino”.
Se encantar com a obra de Raimundo Cela; passear por um percurso sobre a saudade; conhecer a arte da cerâmica cearense; ter um encontro de narrativas e olhares de vários fotógrafos nacionais e cearenses; reconhecer as identidades nordestinas dos vaqueiros e ter um novo olhar sobre o universo fantástico pela ótica do cordel e da gravura. Essas são as temáticas das exposições que ocuparão, durante a programação do “Férias no Dragão”, os museus do Centro Dragão do Mar e a Multigaleria, nos meses de Janeiro e Fevereiro de 2017.
Em destaque, o lançamento de duas exposições no dia 17 de janeiro, das 19h às 22h (acesso até às 21h30): “Raimundo Cela – Um Mestre Brasileiro” e a mostra do Itaú Cultural “A Arte da Lembrança – a Saudade na Fotografia Brasileira”, ambas no Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC-CE). Além dessas mostras, há ainda outras quatro já em cartaz, somando, assim, um total de seis exposições, todas gratuitas. São elas: “Bestiário Nordestino“, na Multigaleria; “Miolo de Pote: a cerâmica cearense primitiva e atual”, “Narrativas e Alteridade – O Outro de Nós” [Encontros de Agosto], “Vaqueiros” e “Mostra de Filmes: Imagens do Nordeste no Cinema Brasileiro”, no Museu da Cultura Cearense (MCC/CDMAC).
RAIMUNDO CELA – UM MESTRE BRASILEIRO
Um dos maiores artistas cearenses, o pintor Raimundo Cela tem trajetória representada em retrospectiva imperdível nesta mostra individual. A exposição – que já passou pelo Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Álvares Penteado (MAB FAAP, em São Paulo) e pelo Museu Nacional de Belas Artes (MNBA, no Rio de Janeiro) – chega à terra natal do artista no Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC-CE).
A mostra traz suas principais obras, entre elas, “Catequese” que, pertencente ao acervo do Governo do Estado do Ceará/ Instituto Dragão do Mar. A exposição reúne ainda obras do Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará, do Palácio Iracema e do próprio Museu Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro, além de 15 coleções particulares de Fortaleza, Rio e São Paulo. Outro grande destaque da exposição e da obra de Cela é o painel Abolição (1938), que estará reproduzido em suas dimensões originais. Primeiro estado brasileiro a abolir a escravatura, foi encomendado no Ceará em 1938, um painel que simbolizasse o momento histórico tão marcante para o Ceará e para o Brasil.
A retrospectiva abarca a trajetória de Cela a partir de momentos-chave: o prêmio da Escola Nacional de Belas Artes, a viagem à Europa, o retorno a Camocim, a mudança para Fortaleza e a volta ao Rio de Janeiro. Desenhos, gravuras, aquarelas e pinturas, de todas essas fases, permitem compreender o processo criativo do artista.
Segundo a curadora da mostra, Denise Mattar, Raimundo Cela é um dos principais criadores da visualidade cearense, ao destacar em sua obra pescadores e jangadeiros e a intensa luz das praias cearenses e as nuvens rosadas do céu equatorial. “Cela descartou a representação do nordestino como o sertanejo miserável e faminto, para mostrar o trabalhador forte e decidido do litoral. Suas composições, minuciosamente construídas, são plenas de ritmo e emoção. Elas reúnem a precisão do engenheiro à sensibilidade do artista, o épico ao cotidiano, a precisão do desenho à energia da cor”, afirma.
Raimundo Cela, sendo um moderno, nunca foi um modernista. O valor da arte de Raimundo Cela deve-se ao fato de ter sido concebida à margem das escolas, de não ter sido contaminada pelos modismos passageiros.
A ARTE DA LEMBRANÇA – A SAUDADE NA FOTOGRAFIA BRASILEIRA
Mostra do Itaú Cultural, A Arte da Lembrança perfaz um percurso iconográfico deste sentimento pessoal e universal, a saudade, registrado nos trabalhos em exibição em um arco de 80 anos, a partir da década de 1930, nos estados da Bahia, do Pará, de Pernambuco, do Rio de Janeiro e São Paulo.
A mostra também poderá ser conferida no Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC-CE) e reúne 123 imagens de 36 artistas brasileiros, ou residentes no país, em variados estilos e linguagens. São nomes de representatividade na produção fotográfica do Brasil, como Alcir Lacerda, Alberto Ferreira, Irene Almeida, Luiz Braga, Gilvan Barreto, Paula Sampaio e o cearense Márcio Távora.
A exposição tem curadoria de Diógenes Moura, pesquisa de Samuel de Jesus e projeto expográfico de Henrique Idoeta Soares e Érica Pedrosa, do Núcleo de Produção do Itaú Cultural. Ela chega a Fortaleza, seguindo uma itinerância iniciada em São Paulo, com passagens posteriores por Belém e Salvador. No Dragão do Mar, a montagem ocupa todo o primeiro subsolo, com seis diferentes temáticas. Entre elas, o mar, a cidade das décadas de 1940 a 1960 e a morte – esta abordada não só do ponto de vista humano, mas também material, mostrando o abandono de diferentes espaços.
Um dia antes da vernissage de abertura da mostra A Arte da Lembrança, o Itaú Cultural e o MAC-CE realizam um debate com mesa composta por Diógenes Moura e o fotógrafo cearense Tiago Santana, no dia 16 de janeiro, às 19h, no auditório do Porto Iracema das Artes (Rua Dragão do Mar, 160). Intitulada “Um Processo Curatorial: Fotografia, Literatura e Existência”, nesta mesa o curador conversa com o público sobre os dez anos de pesquisa que culminaram nessa exposição e dialoga com o fotógrafo, que tem um trabalho voltado para a arte e a religiosidade.
MIOLO DE POTE: A CERÂMICA CEARENSE PRIMITIVA E ATUAL
Potes, panelas, alguidar, caco de torrar café, brinquedos. Reunindo uma série de peças feitas de barro, a mostra apresenta o dinamismo e vivacidade desta arte ancestral e milenar, no Ceará. A exposição Miolo de Pote revela um Estado uno e múltiplo, similar e diverso, em dia com as heranças indígenas, africanas, ibéricas. “Primitiva e atual, a arte no barro mantém características próprias em cada localidade ou região, seja no tipo de material, no desenho, nas técnicas, seja no resultado final”, define a curadora Dodora Guimarães. Além dela, a mostra tem ainda a contribuição curatorial da historiadora e diretora de museus do Centro Dragão do Mar, Valéria Laena.
Miolo de Pote reúne, sobretudo, duas coleções públicas: a do Museu da Cultura Cearense (Instituto Dragão do Mar), feita entre 1997 e 1998, que cobriu a Região do Cariri, Saboeiro e Iguatu; e a da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Governo do Estado do Ceará), adquirida em 2005 e 2006, durante o Projeto Secult Itinerante, que percorreu todo o Estado.
Algumas peças advindas do Projeto Comida e da exposição O Fabuloso Mundo do Barro, ambos do MCC, enriquecem a mostra que conta ainda com a participação dos artistas plásticos e visuais Bosco Lisboa, Gentil Barreira, Liara Leite, Sabyne Cavalcanti, Tiago Santana, Tércio Araripe, Terry Araújo e Túlio Paracampos. No Piso Intermediário do Museu da Cultura Cearense (MCC).
NARRATIVAS E ALTERIDADE – O OUTRO DE NÓS [ENCONTROS DE AGOSTO 2016]
A partir do tema “Narrativas e Alteridade”, o festival Encontros de Agosto 2016 propôs que fotógrafos dos nove estados do Nordeste fossem além das próprias fronteiras, trazendo e potencializando imagens de lugares e sujeitos imaginados. O público poderá contemplar na exposição questões universais a partir das realidades locais, percebendo aproximações e diferenças.
Esta exposição, que pode ser conferida no Piso Superior do Museu da Cultura Cearense, é composta de mostras coletivas de fotógrafos cearenses e dos demais estados do Nordeste. “As narrativas visuais têm como fundamento a alteridade, traduzida e discutida pelo olhar de 54 fotógrafos, sendo 23 deles cearenses. É uma oportunidade única dos espectadores verem essa rica produção nordestina em um só local. São mais de 300 fotos”, explica a coordenadora geral do evento, Patricia Veloso.
VAQUEIROS
No Museu da Cultura Cearense desde 1998, a exposição Vaqueiros arrebata o público que nela identifica traços de sua cultura e costumes. Ao longo dos anos, esta mostra enriquece os saberes, instiga reflexões, desperta emoções. Nela, revelam-se inúmeros elementos que possibilitam rememorar e reconstruir o que se compreende como o universo sertanejo.
Na exposição, o público conhece o vaqueiro como profissional, sertanejo, trabalhador, conhecedor de inúmeras funções e do meio em que habita, capaz de inúmeros feitos; viajará pelas humildes manifestações do cotidiano, religiosidade e festividades; e testemunhará particularidades como a habilidade com o artesanato do couro, as práticas da derrubada e da cria do gado, dentre outras. Em cartaz no Piso Inferior do Museu da Cultura Cearense.
BESTIÁRIO NORDESTINO
A exposição “Bestiário Nordestino”, em cartaz na Multigaleria, propõe lançar um olhar sobre o universo fantástico pela ótica do cordel e da gravura (tradicionais e contemporâneos), que conta, entalha e imprime o grotesco do mundo. Com a curadoria dos artistas Rafael Limaverde e Marquinhos Abu, conta com acervo de mais de 40 obras de 19 artistas do Nordeste.
A exposição apresenta obras dos gravadores: Abraão Batista (Juazeiro/CE), Adriano Brito (Crato/CE), Guto Bitu (Crato/CE), Carlos Henrique (Crato/CE), Carlus Campos (Fortaleza/CE), Francisco de Almeida (Fortaleza/CE), J.Borges (Bezerros/PE), José Costa Leite (Condado/PB), Lourenço Gouveia (Recife/PE), Maurício Castro (Recife/PE), Nilo (Juazeiro do Norte/CE), Roberto Galvão (Fortaleza/CE), Rafael Limaverde (Fortaleza/CE), Sebastião de Paula (Fortaleza/CE), Stênio Diniz (Juazeiro/CE), Damásio Paulo (Juazeiro/CE), Antônio Lino (Juazeiro/CE), Walderêdo Gonçalves (Juazeiro/CE) e Justino P. Bandeira (Juazeiro/CE).
O acervo da exposição é fruto, em grande parte, do projeto Oco do Mundo. Durante 14 dias, Rafael e Marquinhos caíram na estrada em uma pesquisa sobre a gravura e um tanto de encantamento no encontro com esses artistas nordestinos. Essa saga foi vivida e desenhada entre os dias 30 de agosto e 12 de setembro de 2016, percorrendo quatro estados, dez cidades visitadas, 2300 quilômetros.
MOSTRA DE FILMES: IMAGENS DO NORDESTE NO CINEMA BRASILEIRO
Compondo as atividades da disciplina de Sociologia Rural, a ser ministrada pelos professores Roberto Marques, Gerciane Oliveira, Peter Rosset e Sandra Gadelha, o Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UECE realiza em parceria com o Museu da Cultura Cearense (MCC), a Mostra de Filmes Imagens do Nordeste no Cinema Brasileiro.
O objetivo da Mostra é problematizar as diversas representações do mundo rural a partir da região Nordeste do Brasil, retratada no cinema brasileiro com recorrência, sobretudo a partir do advento do Cinema Novo, na década de 1950. A região chama atenção por sua constituição geopolítica diferenciada, sendo alvo de interpretações concorrentes, elaboradas a partir de polarizações do tipo sertão versus litoral.
Sua história foi marcada por gritantes desigualdades sociais, materializadas em tensões entre grupos de diferentes níveis socioeconômicos e culturais. Tudo isso aponta a necessidade de análises em profundidade, realizadas por abordagens que articulem distintos campos do conhecimento, a exemplo da ciência e da arte.
A mostra acontece de 24 a 27 de janeiro e contará com uma exibição por dia, seguida de debate com convidados que lançarão um olhar sociológico, historiográfico e comunicacional em relação às obras.
Confiram programação: 24/01 – Viajo porque preciso, volto porque te amo com Osmar Gonçalves (Comunicação\UFC); 25/01 – Árido Movie com Meize Lucas (História\UFC); 26/01 – Abril Despedaçado com Igor Monteiro (Sociologia) e 27/01 – Boi Neon com Sander Castelo (História UECE).
FÉRIAS NO DRAGÃO
O Férias no Dragão – Ceará em Alta, que está sendo realizado de 6 de janeiro a 18 de fevereiro, vai oferecer mais de 40 atrações de música, teatro, dança, cinema e artes visuais, com apresentações em sua maioria gratuitas. São 11 lançamentos de trabalhos de músicos cearenses, além de duas apresentações nacionais: Di Melo (19/1) e Nação Zumbi (27/1). Haverá ainda, de 12 a 25 de janeiro, a 3ª edição da Mostra Retrospectiva 2016/ Expectativa 2017 no Cinema do Dragão. No dia 17 de janeiro, tem abertura das exposições: Raimundo Cela – um Mestre Brasileiro e A Arte da Lembrança – a saudade na Fotografia Brasileira.
O projeto Férias no Dragão – Ceará em Alta é uma realização do Instituto Dragão do Mar, da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará e do Ministério da Cultura e Governo Federal, através da Lei de Incentivo à Cultura, com apoio da Cagece e da Secretaria das Cidades, e patrocínio do Itaú.
TODOS PELA ÁGUA
O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, em parceria com a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), está apoiando a campanha contra o desperdício de água. Com a crise hídrica que o Ceará enfrenta, o Dragão do Mar aproveita a passagem de seus milhares de visitantes, neste período, para conscientizá-los sobre a importância do uso consciente da água. A Cagece também estará presente no Dragão, distribuindo água mineral para os artistas, em algumas atrações na Praça Verde e fará distribuição de material de campanha.
SERVIÇO EXPOSIÇÕES
Local: Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura
Endereço: R. Dragão do Mar, 81 – Praia de Iracema
Entrada: gratuita
Visitação: de terça a sexta, das 9h às 19h (acesso até às 18h30); e aos sábados, domingos e feriados, das 14h às 21h (acesso até às 20h30).
(*) Somente a exposição “Bestiário Nordestino”, na Multigaleria, tem horário diferenciado: de terça a domingo, das 14h às 21h (acesso até as 20h30).
Mais Informações: 3488 8600 / 3488 8608 – http://www.dragaodomar.org.br/