Os fumantes podem estar propensos a quadros mais graves de COVID-19, o que significa que correm um risco maior de desenvolver pneumonia, sofrer danos nos órgãos, e precisar de internação em Unidade de Terapia Intensiva. Um estudo com mais de 1.000 pacientes na China, publicado no conceituado jornal New England Journal of Medicine, ilustra esta tendência: 12,3% dos fumantes incluídos no estudo foram admitidos em uma UTI, precisaram de ventilação mecânica ou morreram, em comparação com 4,7 % de não fumantes. Uma revisão de 5 estudos publicada recentemente calculou o risco dos fumantes em 2,4 vezes maior de precisar de intubação, UTI ou evoluir para o óbito.
A endocrinologista Ana Flávia Torquato explica que o cigarro causa uma inflamação crônica e destrói os cílios pulmonares, “estruturas que são fundamentais para a defesa dos pulmões contra microorganismos, como os vírus”, exemplifica. Segundo a médica, também é bem reconhecido que pessoas que fumam tendem a ter formas mais graves de influenza (gripe), e com a Covid-19 parece que não é diferente. O fumante também manipula mais a boca, e muitas vezes já tem alguma doença crônica de base, como bronquite e enfisema pulmonar.
“Existe um interesse muito grande da comunidade científica de entender porque algumas pessoas desenvolvem formas mais graves da Covid-19 e outras desenvolvem formas leves. Alguns fatores de risco já são conhecidos, como idade, diabetes e doenças cardíacas. O cigarro parece estar entre esses fatores de risco. Portanto, se você, que fuma, me perguntar quando deve parar de fumar, vou responder que o melhor dia é hoje. O cigarro está associado à diversos problemas já conhecidos e cada vez mais a gente acrescenta outros. Quem fuma pode ter diversos prejuízos para a saúde”, alerta Ana Flávia Torquato.
Prevenção
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o tabagismo é reconhecido como doença crônica causada pela dependência à nicotina presente nos produtos à base de tabaco e é o maior fator de risco evitável de adoecimento e morte no mundo. O Ministério da Saúde destaca que, ao deixar de fumar, os benefícios à saúde são imediatos, pois após 12 a 24 horas os pulmões já funcionarão melhor.