A cirurgia foi realizada com sucesso e o paciente já recebeu alta hospitalar. É a tecnologia a serviço da saúde e da qualidade de vida das pessoas.
Chega ao Ceará uma tecnologia inovadora que pode ajudar muitas pessoas com probabilidade de serem acometidas por um mal súbito. O primeiro implante de cardiodesfibrilador subcutâneo (S-ICD), realizado no Ceará, aconteceu no último sábado (19), no Hospital Regional Unimed (HRU), em um paciente com Síndrome de Brugada, um distúrbio hereditário da eletrofisiologia cardíaca que leva a aumento do risco de síncope e morte súbita.
A nova tecnologia chega ao Ceará pelas mãos da equipe dos médicos cearenses, Marcelo de Paula, Tatiana Pereira e Eduardo Arraes, supervisionados pelo médico cardiologista de São Paulo, Fernando Oliva, especialista em arritmias, doutor em Ciências da Cirurgia e certificado para este tipo de implante. O procedimento cirúrgico foi realizado com sucesso e o paciente já recebeu alta hospitalar. A expectativa da equipe é que este tipo de implante possa ser realizado para ajudar outras pessoas que sofram o risco de morte súbita.
Segundo Fernando Oliva, a diferença deste dispositivo em relação aos outros é que toda a estimulação cardíaca é feita fora do coração. No caso de outros tipos de implante, os cabos-eletrodos chegam à área cardíaca por meio de um cateter que é posicionado dentro do órgão, através do sistema venoso. Com a nova tecnologia, pode-se evitar inúmeras complicações como lesões, inflamações, infecções e a fratura do próprio eletrodo. “Essa foi a primeira prótese da história a não precisar colocar o eletrodo dentro do coração. Então, hoje somos capazes de reverter arritmias, usando esse desfibrilador, com o eletrodo situado fora do órgão. Eu acredito fortemente que foi um passo à frente em termos de estimulação cardíaca”, explica o cardiologista.
A chegada do implante ao Brasil
Esse tipo de dispositivo começou a ser implantado na Europa em 2009 e o médico Fernando Oliva vem, desde então, acompanhando o uso desta tecnologia no exterior. A autorização para o Brasil chegou em 2015. Convidado pela empresa fabricante do dispositivo, a Boston Scientifc, o médico foi aos Estados Unidos participar de treinamento para trazer a tecnologia ao Brasil. Em setembro de 2016, foi implantado o primeiro S-ICD do Brasil. De lá para cá, já foram 36 procedimentos realizados no país, sendo três no Nordeste e um deles no Ceará.