A Cross Continence Brazil aponta as consequência para os atletas que sofrem da doença
As consequências da prática intensa de Crossfit podem ir de encontro à conquista de um corpo saudável: a incontinência urinária tem se tornado parte do cotidiano de muitas mulheres no esporte. A Cross Continence Brazil, pesquisa desenvolvida por uma equipe de graduandos, pós-graduandos e docentes da área da saúde, está investigando a situação para entender mais os danos causados e a forma que a vida dos atletas é afetada. Segundo o Professor Adjunto de Ginecologia e Obstetrícia e Supervisor da Residência Médica de Ginecologia e Obstetrícia da Maternidade Escola Assis Chateaubriand da UFC, Dr. Leonardo Bezerra, por meio da prática rotineira do esporte a doença se torna mais presente na vida do indivíduo, devido ao nível extremo de esforço envolvido.
Os dados alertam os profissionais. De acordo com informações do site oficial da pesquisa, “mulheres que praticam exercícios de alto impacto e alta intensidade tem oito vezes mais chances de perder urina quando comparadas às sedentárias na mesma faixa”. Os três principais esportes de risco são trampolim acrobático, basquete e tênis, com 80, 60 e 50% de chances, respectivamente, de piorar a doença. O impacto e o deslocamento do assoalho pélvico na prática e o aumento da pressão intra-abdominal são alguns dos fatores envolvidos na perda da urina.
As principais atingidas são mulheres jovens e que nunca engravidaram. As dietas extremamente restritivas e suplementos alimentares utilizados sem a orientação de um profissional causam deficiência de energia para o indivíduo no momento do esporte, também favorecendo à incontinência. A adversidade é tratável. Após o diagnóstico, a fisioterapia é realizada e ajustada às especificidades de cada esporte, treinando e fortalecendo os músculos do assoalho pélvico. Além disso, a paciente pode recorrer à pequenos instrumentos vaginais, como os pessários, voltados especialmente para o problema.
De acordo com o Dr. Leonardo, as atletas devem permanecer sempre alertas. “Perder urina sem querer durante o exercício físico não é normal. Com o envelhecimento, a tendência da doença é evoluir mais gravemente. Infelizmente, o tabu e a falta de informações que circundam tal condição muitas vezes impede que mulheres recebam o tratamento adequado, deixando-as desacreditadas”, explica o ginecologista. O profissional ainda ressalta a importância do estudo para evitar essas ocorrências e melhorar a qualidade de vida das pessoas que enfrentam o problema.
O Crossfit é baseado na capacidade humana de trabalho e seu aumento durante o tempo. O esporte se constitui com um conjunto de exercícios de alta intensidade, variando desde levantamento de peso até corridas. Os movimentos são funcionais, baseados em ações comuns e cotidianas.
Dr. Leonardo Bezerra
Formado em medicina pela Universidade Federal do Ceará, Dr. Leonardo Bezerra tem mestrado e doutorado em ginecologia na Universidade Federal de São Paulo e é especialista em uroginecologia e cirurgia vaginal. Sendo referência em uroginecologia no Ceará e com 22 anos de experiência, uma de suas principais áreas de pesquisa é a cirurgia minimamente invasiva. Este ano, venceu o prêmio de melhor vídeo no Congresso Mundial de Uroginecologia, no Canadá, e, junto a sua equipe de pesquisadores, realizou a I Jornada Internacional de Ginecologia Minimamente Invasiva no Ceará.
- postado por Oswaldo Scaliotti