Por Guilherme Said, professor e consultor empresarial e responsável pelo programa de mentoria da Gomes de Matos consultores
O Mentoring é um processo de orientação individual, no qual uma pessoa – o mentor – auxilia o mentorado no desenvolvimento de habilidades, estabelecimento e conquista de metas, adaptação às mudanças, desenvolvimento de competências profissionais ou qualquer mudança que o indivíduo queira realizar, ou esteja vivenciando em sua vida pessoal ou profissional. Trata-se de uma forma de desenvolver pessoas através de uma metodologia de relacionamento. Normalmente, o mentor é alguém com mais experiência e conhecimento em alguma área – e o mentorado é aquele que busca assimilar e praticar os conselhos e orientações do seu mentor.
Mentoring – ou mentoria em português – tem sua origem na palavra “mentor”, que apareceu pela primeira vez na obra Odisseia, do poeta grego Homero, escrita há 2.800 anos. Odisseu (ou Ulisses, como era chamado em Roma), protagonista da história, – vai para a Guerra de Tróia e precisa preparar seu único herdeiro – Telêmaco, que reinaria enquanto seu pai estivesse na guerra. Ulisses então contrata um amigo de confiança chamado Mentor, para ser o tutor e educador do seu filho, missão essa que durou 20 anos, sendo executada com dedicação e fidelidade. Mentor é sábio e sensível, – duas características fundamentais para o mentoring de alto nível.
Muitas pessoas podem achar que o termo Mentoring está bem distante da sua realidade. Mas os assuntos relacionados a mentoring – ou Mentoria – estão no dia a dia de muitos de nós. Por exemplo, a Mentoria informal é comum nas organizações, famílias e círculos de amizade. Pessoas dispostas a ensinar, a transferir conhecimentos, a ouvir o outro.
Existem algumas semelhanças e diferenças entre os processos de Mentoring e Coaching. No Mentoring, o mentor compartilha o seu conhecimento em áreas que domina, sugere ações e emite opiniões com o objetivo de acelerar a aprendizagem e o crescimento do mentorado. No coaching, o profissional idealmente não emite sua opinião, e trabalha basicamente com perguntas e ferramentas comportamentais para que o coachee encontre suas próprias respostas. O mentor também utiliza a estratégia de perguntas, porém fica mais livre para opinar e indicar caminhos.
Outra diferença, ressaltada pela pesquisadora Rosa Bernhoeft, é que no Coaching busca-se, mediante aplicação de técnicas, obter resultados mensuráveis para o negócio e dentro de prazos acordados. Subjetividades, como dramas pessoais, sonhos, alegrias e tristezas, não integram a pauta do Coaching. No Mentoring, por outro lado, não se perde de vista a performance do mentorado, mas tem-se uma visão mais larga no tempo e mais profunda na abordagem de temas, que podem ser de foro íntimo e estar fora do ambiente profissional.
Em ambos os processos, o cliente ou profissional desenvolve as suas habilidades, aprende a ter mais assertividade em suas escolhas, mais confiança em si mesmo, alcançando as suas metas estabelecidas com maior facilidade.
No Mentoring os ganhos serão recíprocos, e tanto o mentor como o mentorado saem do processo fortalecidos, podendo superar com mais motivação os desafios que se apresentam na atualidade.
É importante destacar que não é função do mentor ser uma espécie de psiquiatra ou psicólogo do mentorado, nem tampouco dizer o que o mentorado deve fazer. Contudo, o mentor precisa reconhecer os medos do seu aprendiz e ter uma clara compreensão do seu estado emocional para poder ajudá-lo na decisão dos próximos passos a serem dados na sua carreira, no seu negócio ou no desenvolvimento do seu trabalho atual.
Por fim, o Mentoring não termina com conselhos, feedback e instruções. Seu objetivo não é simplesmente aprender, mas sim promover melhoria, aumento de desempenho, maior produtividade e eficácia para o profissional que está sendo orientado.