Quebrando a barreira da internet, programa de humor online se aproxima de ouvintes com gravação ao vivo
Há 13 anos de quando surgiu o termo “podcast”, milhares de pessoas têm preferido ouvir as rádios online ao tradicional sinal FM. A chegada de novas tecnologias, a falta de qualidade na transmissão e a precariedade nos assuntos abordados nas rádios impregnadas de comerciais fizeram com que o ouvinte tivesse o interesse em criar sua própria rádio ou ouvir a música ou assunto do seu interesse em uma rádio criada por alguém.
O boom das rádios online se deu em 2004 devido a três fatores: a disponibilidade de softwares baratos de produção de áudio, aos iPods e aos blogs onde eram publicadas as rádios. Assim definiu na época o jornalista Bem Hammersley, do jornal The Guardian, e pela primeira vez na internet utilizou o termo podcasting, perguntando-se como chamaríamos essa nova forma de fazer rádio.
A expressão pegou. As ferramentas de blog evoluíram, os ouvintes agora poderiam fazer uma assinatura RSS para saber quando um novo áudio estava disponível, baixar o arquivo em mp3 e ouvir em seu iPod. O desafio se tornou transformar essas rádios online amadoras em uma edição cada vez mais profissional, com qualidade de áudio e uma entrega cada vez mais facilitada para o ouvinte que não precisaria mais visitar o blog para ouvir seu programa favorito. O podcast não inovou apenas na tecnologia, trouxe também uma nova maneira de se fazer rádio. O podcast possibilitou ao ouvinte escutar, em um único programa de rádio, o tipo de música ou o assunto que ele estava interessado em ouvir.
Mas a palavra podcast ainda é pouco conhecida entre os brasileiros. Não apenas a palavra como também o formato. O podcast se tornou um meio de comunicação que vai além da própria rádio online, pois possibilita o download do áudio. Além disso, a programação não precisa ser feita ao vivo.
No Brasil, o podcast ainda vem evoluindo. Iniciou com baixa qualidade no áudio e com gravações realizadas via Skype, o que compromete muito essa qualidade. Há ainda produtores de podcast que fazem suas gravações dessa maneira, por ser mais fácil e menos custosa. Atualmente, alguns podcasters montam o próprio estúdio, como é caso do programa de humor Minuto de Silêncio, comandado por Vinícius Antunes, roteirista do Zorra da Rede Globo, e Roberto Rocha, engenheiro e editor. Eles montaram todo o equipamento de gravação no apartamento de Vinícius, na Tijuca, bairro do Rio de Janeiro. Todas as gravações são presenciais e os convidados sentam à mesa com os apresentadores para falarem dos mais variados temas de forma cômica.
Roberto e Vinicius são amigos de longa data, desde os tempos de escola nos anos 90. Fãs de programas de rádio, sobretudo, os de humor, sonhavam em um dia participarem de um. Com a possibilidade a partir do podcast, tiveram a ideia de transportar o sonho de criar um programa de rádio de humor para a realidade na internet. “Quando descobrimos o universo do podcast, chegamos à conclusão de que seria um formato mais viável para produzirmos algo divertido e de qualidade. A partir daí, começamos a juntar nossos amigos pessoais e amigos que trabalham com humor para formar uma mesa de bate-papo que tratasse de qualquer tema com um olhar humorístico”, conta Roberto.
O Minuto de Silêncio surgiu em 2014 e até hoje já passaram mais de 100 convidados, desde comediantes renomados como Marcius Melhem e Fernando Caruso a novos nomes do stand up, roteiristas de humor, atores, diretores e personalidades da internet. “Nesses quase três anos já conquistamos uma legião de ouvintes que aguardam ansiosamente por um novo episódio toda quarta-feira”, enfatiza.
A evolução do podcast não para por aí. Dialogar com o público exige sempre maior proximidade com ele. Para ter um maior contato com seus admiradores, os antigos programas de auditório das rádios promoviam gravações ao vivo com participação dos ouvintes nas cadeias de um auditório do estúdio ou de um teatro. E apesar de toda a facilidade de interação que a internet possibilita, não parece ser suficiente para o fã dos podcasts.
Seguindo o caminho dos programas de auditório, essa também pode ser uma tendência na internet. Partindo dessa percepção, o Minuto de Silêncio alugou o Teatro Henriqueta Brieba, localizado no Tijuca Tênis Clube, para realizar sua primeira edição ao vivo com presença dos ouvintes no auditório. “Sair da internet foi uma demanda do próprio público. Eles pediam mais contato, encontros, interatividade presencial também. Começamos a pensar o Minuto de Silêncio ao vivo meio de brincadeira e, quando vimos, 200 ingressos já estavam esgotados num piscar de olhos”, relata Vinícius. Em pouco tempo de existência comparado a outros podcasts, o Minuto de Silêncio viu-se crescer de forma animadora. Essa interação cada vez maior com o público, dentro e fora da internet, pode ser o fator do sucesso que o podcast vem adquirindo. “Isso vai na contramão do que se diz sobre as relações estarem cada vez mais frias e distantes. Houve um clamor por contato e pela ocupação do teatro para fazer podcast”, explica o roteirista.
Minuto de Silêncio ao vivo
Dia 1 de setembro, às 19h30, no Teatro Henriqueta Brieba, Tijuca Tênis Clube
Rua Conde de Bonfim, 451 – Tijuca, Rio de Janeiro.
Site do podcast: http://www.minutodesilencio.com/