O debate sobre a matriz energética do nosso país tem omitido uma importante forma de geração: a energia solar. O Brasil possui todas as características necessárias para ser um dos líderes mundiais no aproveitamento desta fonte, mas infelizmente hoje não aparece nem sequer no ranking dos 10 países que mais utilizam o sol como recurso para gerar eletricidade para sua população. Está na hora de mudar este cenário, e para isto é necessário um esforço conjunto do poder público e setor privado, com apoio da sociedade.
É verdade que no passado o custo de geração deste tipo de energia, obtida com a conversão direta dos raios solares em eletricidade a partir de células fotovoltaicas, foi uma barreira para a sua expansão. Nos últimos anos, com o desenvolvimento tecnológico, o processo teve uma queda expressiva: o custo das células solares de silício cristalino, por exemplo, caiu de 76,67 $/Wp em 1977 para 0,36 $/Wp em 2014.
Em 2014, o preço dos módulos solares tinha caído 80% na comparação com 2008, colocando a energia solar pela primeira vez numa posição vantajosa em relação ao preço da eletricidade paga pelo consumidor num bom número de regiões com grande exposição ao sol, como é o caso do Brasil.
Hoje, o problema do custo está superado, a geração elétrica da energia solar fotovoltaica é competitiva comparativamente às fontes convencionais de energia em uma crescente lista de países. Com metade da radiação solar que o Brasil, a Alemanha é o país-referência em energia fotovoltaica, com potência instalada de quase 40.000 MWp. Apenas para comparar, em 2016 o Brasil atingiu 83 MWp de potência instalada, ou seja, o equivalente a 0,2% do que os alemães utilizam.
Apesar de ser extremamente favorecido em radiação solar, o Brasil ainda enfrenta grandes dificuldades para a expansão, seja na questão da integração com a rede ou na falta de acesso às linhas de financiamento. A expectativa atual é atingir neste ano de 2018 a potência instalada de 300 MW em geração distribuída, segundo projeção da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR). Muito pouco perto do potencial que temos.
É fácil criticar e reclamar, difícil é ajudar a fazer. Fundamental, neste momento, que a iniciativa privada tome a frente no debate: o setor imobiliário tem um papel fundamental nesta cadeia. Cada vez mais é necessário oferecer produtos capazes de atender essa demanda.
A MRV Engenharia, em sua posição de liderança e protagonismo do setor, decidiu levantar a bandeira da energia solar em suas atividades. A construtora está investindo R$ 800 milhões no maior projeto de energia fotovoltaica de uma empresa privada brasileira, com a expectativa de em até cinco anos entregar 220 mil unidades com sistemas de energia solar, o que representará 100% de seus lançamentos. Essa decisão contribuirá para reduzir a emissão de 26 mil toneladas de CO2, além de preservar pelo menos 160 mil árvores.
Este movimento se justifica pela convicção de que a energia solar traz vários benefícios para o Brasil, em especial para seus os consumidores: o ganho financeiro, obviamente, porque a despesa com energia elétrica sempre cai com o sistema alternativo funcionando. Além disto, uma obra entregue com energia solar aumenta o valor agregado do imóvel e cria um diferencial de mercado.
O mais importante, na nossa visão, é que o benefício do investimento não se restringe aos compradores: a geração de energia solar a partir das unidades construídas pela MRV poderá chegar a 86.000 MWp por ano, o suficiente para abastecer uma cidade de 70 mil habitantes.
Esperamos que nosso exemplo possa sensibilizar o poder público e também outras construtoras e incorporadoras sobre a importância da energia solar no nosso país. Quanto maior o estímulo, mais rapidamente poderemos colocar o Brasil no lugar que merece estar, não entre os 10 primeiros, mas na liderança dos países que mais utilizam o sol como fonte de energia! A meta é arrojada e estamos fazendo a nossa parte.