Após quase dois anos de incertezas geradas pela crise sanitária da Covid-19, a economia brasileira ainda tem muitos desafios a superar em 2022. O cenário que se aproxima é de indefinição para as empresas. Para compor uma boa estrutura, o planejamento estratégico é um forte aliado para que a empresa possa ter uma boa resposta frente aos obstáculos do curto a longo prazo.
De acordo com Henrique Lyra, especialista em Planejamento Estratégico e Valuation do Hub de Negócios Mêntore Consultoria e Gestão, as principais preocupações para o ano que vem estão nos patamares político e macroeconômico. “Os desafios para 2022 são muito altos para a maioria das empresas brasileiras: temos uma elevação da taxa de juros para combater uma inflação galopante que já atinge dois dígitos. A consequência natural desse processo é o encarecimento e maior escassez do crédito às empresas e aos indivíduos. Já na área política, temos incertezas sobre quem deverá ser eleito e qual política econômica será implementada. Além disso, a reforma tributária proposta pelo governo ainda não tramitada contribui para aumentar ainda mais as incertezas para as empresas”, pontua.
Diante deste contexto, o planejamento estratégico tem o objetivo de traduzir as estratégias que a empresa irá implementar em números financeiros. “Uma vez tendo a consciência das projeções futuras de crescimento, margens e necessidade de capital, a empresa pode se estruturar financeiramente para garantir que o plano seja de fato viável e trará uma segurança de retorno para os sócios da empresa”, cita Henrique.
Histórico
Apesar do planejamento estratégico sugerir uma maior segurança para as empresas, a grande maioria delas não têm o costume de fazê-lo, “mas isso tem raízes culturais em nosso país”.
“Temos um histórico de inflação muito alto, fazendo com que as empresas e indivíduos tivessem pouco estímulo para pensar a médio e longo prazo. Além disso, a maioria das empresas brasileiras nasceram fruto de empreendedorismo por necessidade e não por algo pensado e planejado como um investimento. Ao considerar esses dois fatores, carregamos uma herança de falta de planejamento e organização interna nas empresas”, considera Henrique.
A economia em 2022
Para o especialista, as perspectivas para o próximo ano são bem desafiadoras. “Temos uma inflação de dois dígitos, fazendo com que o Banco Central tenha que elevar a taxa de juros para fazer com que ela volte para a meta estabelecida pela autoridade monetária. A projeção do mercado é que a SELIC pode subir para além de 12% em dois anos. Isso fará com que aumente o custo dos empréstimos captados e uma maior restrição de crédito tanto para as empresas quanto para as pessoas. Esses fatores poderão acarretar em menor faturamento e maior custo de financiamento”, alerta o especialista.
No entanto, mesmo em um cenário como o descrito, as empresas ainda sim podem ganhar espaço no mercado. “Em nossa experiência, a tendência natural de muitos empresários é recuar quando o cenário está ruim, no entanto, um plano estratégico bem pensado pode proporcionar a empresa a ganhar espaço que a concorrência deixará no mercado. Vimos que as empresas que ganham mercado e prosperam aproveitam o recuo e fragilidade dos concorrentes, para avançar”, finaliza Henrique.