O Plano Nordeste Potência (PNP), iniciativa de apoio ao desenvolvimento verde de forma justa e inclusiva, participa do Fiec Summit 2023, que ocorre nos dias 25 e 26 de outubro, no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza. O tema central do evento – Hidrogênio Verde – é um dos pontos focais do PNP, uma vez que a produção de H2V depende de fontes renováveis de energia, abundantes na região.
A coordenadora de Articulação do Plano Nordeste Potência, Fabiana Couto, que representará a instituição no Fiec Summit 2023, no entanto, faz um alerta: o hidrogênio só pode ser chamado de verde quando a eletricidade envolvida no processo de obtenção do gás tem emissão baixa de gases do efeito estufa. “O hidrogênio marrom e o cinza, por exemplo, são produzidos a partir de combustíveis fósseis, e portanto emitem muitos gases estufa em sua produção”,justifica.
O estudo Mapeamento de Cadeia de Mobilidade, realizado pelo PNP em parceria com a SAE4MOBILITY (Instituto de Ciência e Tecnologia da SAE BRASIL), contextualiza o hidrogênio verde no panorama energético brasileiro e mundial e descreve o que governos e iniciativa privada precisam fazer para impulsionar o uso do H2V, como é chamado. E cita três desafios a serem superados: preço; distribuição e armazenamento; e transporte.
O relatório destaca que atualmente 84% da energia gerada no Nordeste é renovável. A fonte hidrelétrica gera 30.082 gigawatts ao ano (31%); a eólica, 48.706 (49%) gigawatts e a solar, 3.643 gigawatts (4%). Quando se leva em consideração o potencial de crescimento das renováveis, a região se destaca inclusive no cenário internacional.
Isso porque o Nordeste, além de agregar os elementos necessários para a produção, tem uma posição privilegiada para sua exportação. O hidrogênio verde é visto por outros países como um dos caminhos possíveis para cumprirem suas metas climáticas e abandonarem as fontes fósseis, como o carvão, na geração de energia, e a importação pode se tornar viável neste cenário.
Porém, além da exportação, o H2V no Nordeste pode servir de alavanca para o desenvolvimento industrial verde da região, estimulando a vinda de empresas multinacionais para solo brasileiro, e promovendo a mobilidade elétrica ainda incipiente no contexto nacional.
Estão em processo de criação no Brasil, alguns hubs de produção de hidrogênio, dois deles no Nordeste. O mais avançado, com contratos assinados, é o hub do porto do Pecém, no Ceará. Há também projetos no porto do Suape, em Pernambuco, no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais.
O Plano Nordeste Potência tem como principais objetivos promover uma transição energética com menos impactos sociais e ambientais possíveis, criando empregos e oportunidades, além de apoiar a revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco.
Nesse contexto, o projeto desenvolve ações em prol da inclusão social e respeito aos povos tradicionais e, desde seu lançamento, promoveu a inclusão do tema no debate eleitoral dos candidatos aos governos estaduais, democratização das informações sobre o potencial das fontes renováveis, e ofereceu subsídios para a inclusão do tema no Congresso Nacional.
Criado em junho de 2022 com o apoio do Instituto Clima e Sociedade (iCs), o plano é uma ação conjunta do Centro Brasil no Clima, Fundo Casa Socioambiental, Grupo Ambientalista da Bahia, Instituto ClimaInfo e Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc).