A Síndrome de Burnout é considerada um dos sofrimentos psíquicos que mais tem afetado as pessoas na contemporaneidade, inclusive com efeitos bastante significativos no ambiente de trabalho
No Setembro Amarelo, mês mundial de prevenção ao suicídio, o Instituto Compartilha SAMEAC – instituição sem fins lucrativos que trabalha há mais de 60 anos na gestão de saúde pública do Ceará – faz um alerta: uma das formas de prevenir e combater esse grave problema de saúde é promover capacitações contínuas sobre como melhorar a saúde mental no ambiente de trabalho. Um dos focos dos treinamentos que o Instituto Compartilha realiza em parceria com o Instituto Dr. Wandick Ponte sobre “Intervenções na saúde mental na contemporaneidade” é como enfrentar a Síndrome de Burnout.
Marluce Oliveira, psiquiatra que ministra o treinamento para os colaboradores do Instituto Compartilha SAMEAC e membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), assinala que a sociedade de hoje encontra-se adoecida. Segundo ela, a sociedade contemporânea pode ser chamada de “sociedade do cansaço” e o século XXI de “século neural”, tendo em vista que os sujeitos de hoje vivem acelerados internamente, ligados e em atenção contínua, sem capacidade de atenção profunda, esgotados de si mesmos, vítimas de uma servidão voluntária.
Existem aproximadamente 100 doenças mentais catalogadas, mas uma vem se destacando entre os sofrimentos psíquicos na contemporaneidade (SPNC): a Síndrome de Burnout, que interfere, sobretudo, no ambiente de trabalho. Essa síndrome manifesta-se por meio de um cansaço crônico, “que nunca passa, nem quando a pessoa descansa”. Os principais sintomas da doença são: cansaço, alteração do sono, irritabilidade, angústia, falta de produtividade, estresse.
A médica afirma que não é o ambiente de trabalho que adoece em si, mas a forma como as pessoas, hoje, lidam com as multitarefas exigidas no dia a dia. Fala-se em avanços tecnológicos, mas, para a especialista, o que está ocorrendo é uma precarização dos vínculos pessoais e do trabalho. “As pessoas pararam de contemplar a vida, que se tornou selvagem; claro que não podemos voltar ao passado, esquecendo da importância das tecnologias, mas não podemos ser servos delas”, alerta.
Dicas importantes
Marluce Oliveira orienta seus pacientes e os colaboradores do Instituto Compartilha SAMEAC a buscarem a resiliência, que é a capacidade de superar dificuldades com ética e de forma saudável.
É urgente que as pessoas reconheçam seus limites, não se tornando servas de si próprias, e revejam a forma de viver em sociedade.
É preciso lidar com os conflitos do dia a dia de forma mais serena – praticar atividades terapêuticas integrativas como meditação, yoga e pilates.
As empresas e outras instituições devem proporcionar conhecimento técnico aos seus colaboradores e estimular o melhor gerenciamento de conflitos no ambiente de trabalho.
Algumas dicas de como estimular a resiliência
Gerenciar conflitos estabelecendo uma hierarquia dos problemas, guardando-os em “gavetas virtuais” e retirando-os de acordo com uma seleção estabelecida;
Adiar decisões e traçar uma linha do tempo, elaborando estratégias de enfrentamento dos problemas para evitar a sensação de impotência;
Fazer autocrítica diante de insucessos e equívocos; ter um novo olhar sobre os erros, com flexibilidade e responsabilidade;
Procurar conciliar bem o sono e, caso não consiga, solicitar a ajuda de um especialista;
Praticar atividade física, no mínimo 20 minutos/dia para reduzir a ansiedade, como por exemplo: exercícios respiratórios e de relaxamento (favorece a liberação de endorfinas);
Cultivar amizades sólidas, constituindo uma rede de apoio e solidariedade;
Desenvolver a dimensão espiritual;
Realizar práticas de meditação para estimular o próprio organismo a desenvolver ansiolíticos naturais;
Evitar o excesso de tecnologia e conviver mais com as pessoas!
Sobre o Instituto Compartilha SAMEAC
O Instituto Compartilha – Sameac, com sede em Fortaleza, é uma instituição sem fins lucrativos, que tem como missão desenvolver soluções em saúde pública e ações para o fortalecimento das organizações da Sociedade Civil (OSC). Desde a sua fundação, em 1955, presta serviços exclusivos em saúde pública no Brasil. Ao longo de mais de 60 anos, realizou a gestão do Hospital Universitário Walter Cantídio e a Maternidade Escola Assis Chateaubriand (MEAC). Hoje, o Instituto atua em parceria com prefeituras e outras instituições na área de saúde e Terceiro Setor.
Sobre o Instituto Dr. Wandick Ponte
O Instituto Dr. Wandick Ponte , instituição beneficente sem fins lucrativos, fui fundado em 2005, em Fortaleza. Foi pioneiro no Ceará e no Brasil em identificar a crise cultural contemporânea: rompeu com o modelo hospitalocêntrico vigente e estigmatizador, criando novas modalidades de atendimento e intervenções através de cuidados que estimulam a cidadania ao portador de transtorno mental e resiliência para as pessoas com sofrimento psíquico na contemporaneidade.