O cenário para o setor de bares e restaurantes segue preocupante nesse primeiro trimestre de 2023. Levantamento feito pela Associação de Bares e Restaurantes (Abrasel) mostra que segue alto o número de restaurantes que atuaram no vermelho no mês de fevereiro, com uma porcentagem de 30% dos estabelecimentos no Brasil, sendo o maior registrado desde maio de 2022. Outros 36% trabalharam com estabilidade e apenas 33% tiveram lucro, uma queda de 10 pontos percentuais em relação ao mês anterior.
No estado do Ceará o cenário segue a mesma tendência, onde quase um terço dos bares e restaurantes tem trabalhado no vermelho, com 29% dos estabelecimentos, registrando assim um crescimento de 7 pontos percentuais em relação a janeiro. Outros 38% trabalharam com estabilidade e 31% tiveram lucro, uma queda de 9 pontos também em comparação com o primeiro mês do ano.
A pesquisa também aponta que o motivo para esse levantamento negativo foi em decorrência da queda das vendas no último mês, sendo o motivo para 85% dos estabelecimentos, sendo seguido pela redução do número de clientes (78%), custo dos insumos (48%), dívidas com impostos e taxas (44%) e dívidas com empréstimos (30%)
Seguindo o ponto dos impostos, a pesquisa também mostra que as dívidas do setor têm crescido consideravelmente. O dado mostra que em fevereiro mais da metade dos estabelecimentos, cerca de 51%, têm dívidas em atraso. Das empresas que têm pagamentos atrasados, cerca 81% devem impostos federais, 53% devem impostos estaduais, 30% encargos trabalhistas e previdenciários, 32% taxas municipais, 15% devem fornecedores de insumos, 32% serviços públicos e 19% estão com o aluguel em atraso.
“Aumento de impostos, inflação, juros altos têm sido uma combinação bombástica para bares e restaurantes, que vêm se endividando cada dia mais com empréstimos e dívidas com impostos, colocando esse importante setor do país em rota de colisão com a falência e desemprego’, afirma Taiene Righetto, Presidente da Abrasel no Ceará.
Segundo o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, “tivemos uma piora do quadro em quase todos os índices medidos. Com dificuldade no desempenho, cresce também o número de empresas endividadas, com impostos atrasados e parcelas de empréstimos em aberto. Apesar disso, em vez de ajudar, recebemos sinalização de que os bares e restaurantes não podem contar com benefícios como o do Perse. É uma situação limite para muitos empreendedores e que pode causar ainda mais perdas para o setor e para o país”.
No Brasil, a pesquisa também revelou que 68% dos bares e restaurantes têm empréstimos bancários contratados e a inadimplência é de 27% entre os que tomaram dinheiro de linhas regulares, um aumento de 6 pontos percentuais em relação à pesquisa de fevereiro. Entre os que aderiram ao Pronampe, a inadimplência é de 18%, 5 pontos percentuais a mais do que o registrado na última pesquisa.