Criada especialmente para o evento, a apresentação reúne bandas e músicos cearenses e o multi-instrumentista carioca Carlos Malta em uma celebração à sonoridade do Estado
Dez dias de programação intensa para todos os públicos e totalmente gratuita. Doze mil metros ocupados no Centro de Eventos do Ceará, além de atividades em espaços e equipamentos públicos culturais de Fortaleza e outros municípios. Uma presença maciça de estudantes de mais de 800 escolas de todo o Estado. Mais de 150 expositores e em torno de 60 autores convidados. Com esses números, a XIII Bienal Internacional do Livro do Ceará despede-se da população com a certeza de ter deixado mais uma importante contribuição ao mercado e ao cenário do livro, da leitura, da literatura e das bibliotecas no País.
Por trás dos números, há os olhos curiosos dos adolescentes; as descobertas das crianças; a potência dos jovens nos saraus e slams, a alegria na fala de escritores e Mestres da Cultura, os contatos e ideias trocadas, o fortalecimento de redes.
Toda essa celebração merece um encerramento à altura e nesta edição não será diferente. No domingo (25), às 20 horas, o show “Carlos Malta e o som do Ceará” encerra em grande estilo a programação da Bienal, ao colocar no mesmo palco o músico Carlos Malta (RJ) com uma turma de peso do Ceará: Irmãos Aniceto (Crato), as bandas Cabaçal Palmares e Marimbanda (CE), o sanfoneiro Zé do Norte e o instrumentista e arranjador Pedro Madeira, além do músico mato-grossense radicado em Fortaleza Matu Miranda. O espetáculo será realizado no espaço Terreiro em Sonho, no piso Térreo do Centro de Eventos do Ceará.
Formatado especialmente para XIII Bienal do Livro do Ceará, o espetáculo foi idealizado por Malta como uma celebração à sonoridade do Ceará, a partir de diferentes instrumentos e formações, em uma perspectiva que combina tradição e vanguarda. “Imaginei o show como uma leitura do que há de mais representativo no Estado. Vamos fazer um panorama diverso, a partir dos trabalhos desses artistas convidados”, reforça o músico, conhecido por seu trabalho de excelência com instrumentos de sopro.
Assim, o repertório inclui tanto composições autorais dos participantes quando clássicos do cancioneiro nordestino. “Vamos fazer, por exemplo, uma homenagem a Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga, com a sanfona de Zé do Norte. Os Irmãos Aniceto vão levar aquela beleza que é a performance deles. Além de músicas da Marimbanda, de Matu, de Pedro, em momentos de duos, trios, quartetos, até a formação completa. Serão vários pequenos shows em uma grande apresentação”, adianta Malta,
A relação do músico carioca com o Ceará não é de hoje: ao longo da carreira, Carlos Malta já tocou não apenas com os convidados do show da Bienal, mas com outros talentos do Estado e em eventos como o Festival de Música Cordas Ágio, no Crato. A ligação é tão forte que já rendeu até filme. Dirigido por Beth Formaggini, “Xingu Cariri Caruaru Carioca” (2016) mostra a investigação de Carlos Malta sobre as origens e os usos do pife, entrevistando músicos do Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba e Ceará, chegando até a região do Alto Xingu.
A paixão pelo pife, aliás, é outro destaque em sua carreira. Em 1994, Malta criou o projeto Pife Muderno, que agora em novembro celebra 25 anos de trajetória. “A banda reacendeu essa chama do pífano pelo Brasil, esse instrumento maravilhoso que andava meio esquecido, e despertou o interesse de músicos jovens por ele”, comenta Malta.
Um exemplo dessa renovação vai estar no palco no show de domingo. Formada por estudantes da UNILAB, fruto de um projeto de extensão da Universidade, traz influência direta de gigantes do ceará como os Irmãos Aniceto. Entre os instrumentos, além dos pífanos, estão o triângulo, os pratos, a zabumba e, claro, o gingado dos musicistas.
Ao falar do show, Malta não esconde a satisfação com o resultado. “Ficou um espetáculo muito bonito, que celebra afinidades entre todos nós e enaltece o respeito que tenho pelos artistas cearense. Quando juntamos essas diferentes vertentes no palco, o rio que forma é caudaloso, envolve as pessoas”.
Ao longo de 40 anos de carreira, a habilidade com os instrumentos de sopro rendeu a Carlos Malta o apelido de “Escultor do Vento”. Multi-instrumentista, compositor, orquestrador, educador e produtor, é reconhecido pela criatividade e as variações na flauta, clarinete e saxofone. Até 1993, integrou a banda de ninguém menos que o mago Hermeto Pascoal, tendo iniciado depois a carreira solo, com a qual alcançou projeção internacional.
“É uma honra para a Marimbanda ser convidada deste espetáculo. O Carlos Malta é um dos músicos mais incríveis do País, participa de festivais pelo mundo inteiro. Temos muito carinho por oportunidades como esta”, diz o instrumentista Heriberto Porto. “Também o convidamos para participar de nosso novo disco, que será lançado em breve. Ficou muito lida a contribuição dele”, adianta o músico. É a arte cruzando caminhos e fazendo emergir novas possibilidades de mundo.
Sobre a Bienal
A XIII Bienal Internacional do Livro do Ceará é apresentada pelo Ministério da Cidadania e pela Secretaria de Cultura do Estado do Ceará. Realizada pelo Instituto Dragão do Mar, Governo do Estado do Ceará, por meio da Secult, e Governo Federal, a Bienal do Livro conta com os patrocínios de Bradesco, Cagece, Grendene e Cegás, e com os apoios de Fecomércio, Sebrae, Universidade de Fortaleza (Unifor), UNILAB, TV Ceará, Sistema Verdes Mares, Grupo O Povo, Café Santa Clara, RPS Eventos, Câmara Cearense do Livro, Sindilivros-CE, Câmara Brasileira do Livro (CBL), Associação Brasileira de Difusão do Livro (ABDL), Associação Nacional de Livrarias (ANL), Prefeitura de Fortaleza e das Secretarias de Educação (Seduc), Turismo (Setur), Cidades (SCidades) e Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Estado do Ceará (Secitece).
XIII Bienal Internacional do Livro do Ceará
De 16 a 25 de agosto, de 9h às 22h
Centro de Eventos do Ceará
Entrada gratuita