O Sobrado Dr. José Lourenço completa nessa segunda-feira, dia 31 de julho, 10 anos de inauguração como equipamento da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult). Ao longo desses dez anos, o museu atende à sua missão e valores institucionais, que consiste em desenvolver um espaço de fruição e de aplicação de técnicas e experimentações que aproxime o público visitante do processo artístico, aproximando-se também do artista e de todos aqueles que atuam na construção de um projeto expográfico. As paredes de alvenaria já presenciaram estranhamento e curiosidade do público, assim como diversos sentimentos que emergem de seus visitantes, de seus colaboradores, de seus amigos; já presenciaram antigos clientes das pensões alegres que funcionaram no Sobrado em outras décadas, e escutaram atentamente as histórias da passagem do tempo.
O Sobrado, além de alvenaria, é feito de gente, de tinta, de telas, de cores, de sensações, de histórias, tudo congregado em cada canto, em cada porta, em cada sala, em cada projeto, em cada colaborador e em cada novo aroma de café coado no meio da tarde. Afinal, ele é, como diz o pesquisador Gilmar de Carvalho, uma Sentinela do Tempo. O Sobrado Dr. José Lourenço, edificação localizada à rua Major Facundo, 154, Centro, já abrigou diversos estabelecimentos ao longo de mais de 160 anos. Tombada em 2004, a primeira edificação de três andares de Fortaleza observava as transformações ocorridas para receber uma nova função: em 2007, viu surgir dentro de si um espaço cultural que se firmaria como Museu de Arte Sobrado Dr. José Lourenço.
Construído a diversas mãos, sua trajetória foi desviada pela curadora Dodora Guimarães. Planejado para ser anexo do Museu do Ceará, foi pela intervenção de Dodora que se descobriu o Sobrado como espaço potencial para as Artes Visuais e Plásticas do Estado. Assim, em 2007 surge um espaço pleno de possibilidades e com grande potencial para fomentar as Artes Visuais, Plásticas, de promover a experimentação para novos artistas, assim como o intercâmbio de experiências entre artistas e entre outros profissionais dos Mundos da Arte. O Sobrado possui três pavimentos onde há espaços expositivos, espaço de convivência, biblioteca, espaço para café, auditório, reserva técnica e área administrativa. De suas largas paredes emanam narrativas que integram a História da Saúde do Ceará e as linhas e traços arquitetônicos revelam um jogo de imponência e distinção social ao cruzar várias tendências da Arquitetura de maneira única em Fortaleza. Atualmente, suas paredes tombadas recebem trabalhos de naturezas distintas, que contribuem para a construção de uma História Institucional para o Sobrado e de uma Memória das Artes no Ceará.
O Sobrado é um Museu em constante debate, que dialoga com seu entorno e democratiza o acesso à cultura, principalmente por compreender que esse processo está muito além de prover uma programação gratuita de qualidade, desenvolvendo mecanismos que possibilitem a acessibilidade em seu sentido amplo. Suas atividades envolvem uma Biblioteca de Artes Visuais, Ação educativa para o patrimônio, exposições de curta duração, oficinas, workshops, Cineclube, Cafés do Zé e o evento mais recente adicionado ao calendário: Exposição/Fórum. O trabalho da equipe do Sobrado é pautado nas ações voltadas às Artes Visuais, às exposições e ao espaço estrutural em si, refletindo questões ligadas às Artes, Educação, Patrimônio e Memória.
Dentre suas atividades recentes, destaca-se a Exposição/Fórum: Arte Descolonial, cuja chamada de trabalhos encerrou-se semana passada. O Evento, previsto para setembro, resulta da colaboração de vários artistas, pesquisadores, professores e visitantes para a construção de um lugar para a teoria e a prática, de intercâmbio entre os colaboradores do setor cultural, de desenvolvimento de problemática e de espaço para debate e produção de conhecimento.
Sobrado Dr. José Lourenço – 10 anos em números:
55 exposições
+ de 40 Cafés do Zé
+ de 400 artistas envolvidos
+ de 100 colaboradores ao longo do tempo
+ de 500 oficinas
+ de 1000 ações educativas
- postado por Oswaldo Scaliotti